quinta-feira, 5 de maio de 2011

Felicidade: o lançamento do Século XXI

Posted: 04 May 2011 07:44 AM PDT
Felicidade: o lançamento do Século XXIHá alguns dias atrás li um artigo muito interessante do filósofo francês Pascal Bruckner, intitulado “Condemned to Joy” (Condenados à Felicidade). No artigo, o autor passeia pela História da Humanidade evidenciando a relação do Homem com esse sentimento até chegar aos dias de hoje, onde vivenciamos o “Culto à Felicidade”. Essa disseminação indiscriminada da idéia de que temos a obrigação de sermos felizes e fazermos nossos filhos felizes é bastante perigosa.
Primeiro, porque é a maneira mais eficaz de enlouquecer a humanidade – e isso não é difícil de constatar, já que o mal deste século se resume ao tédio e à sua expressão mais poderosa: a depressão, presente até em crianças! Segundo, porque a felicidade é colocada como algo que pode ser adquirido através do consumo dos mais variados bens e serviços: carros, casas, terapias, cirurgias, cursos, viagens, cosméticos, tratamentos etc.
Como o próprio texto diz, a felicidade nos foi negada durante muito tempo, mas agora está disponível em uma loja perto de você e pode até ser entregue, em sua casa, em apenas um dia útil após a confirmação do pagamento!
A felicidade é o grande "lançamento" do século XXI e todo mundo quer tê-la (e pode tê-la). Como se “ser feliz” fosse a nossa grande recompensa ou a grande meta da Humanidade, quando na verdade essa grande recompensa ou meta é o EQUILÍBRIO. E, veja que coisa curiosa: quanto mais nós buscamos a felicidade, mais desequilíbrios nós causamos aos nossos filhos, a nós mesmos, à nossa comunidade, ao planeta e por aí vai.
Sem querer enveredar por um discurso “ecológico-bola-da-vez”, a busca e a tendência ao equilíbrio são marcas registradas do nosso planeta. É uma coisa que, de tão óbvia, parece que nem existe. As leis naturais que estão aí desde antes da nossa aparição sobre a face da Terra – e que provavelmente continuarão a existir mesmo que a nossa espécie desapareça – nos ensinam, ou pelo menos nos alertam, para essa grande meta.
A Humanidade sempre se relacionou com a natureza – que afinal é o que, em última instância, dita a qualidade de vida e de morte neste planeta (e não os avanços tecnológicos, que claro têm seu valor) – como se ela fosse uma vilã e não uma mestra.
Teimamos em negar a busca pelo equilíbrio em nome da busca pela felicidade. Entretanto, essa atitude traz como efeito colateral o medo da fragilidade, o medo de sentir-se não feliz. Digo não feliz porque temos medo de sentir (ou pelo menos de admitir, como o próprio texto coloca) qualquer outro sentimento como tristeza, raiva, ansiedade, medo, insegurança, frustração e euforia. Como se a felicidade fosse um antídoto para esses “estados mentais anormais”.
Uma vez ouvi uma metáfora que acho que cabe muito bem aqui. As pessoas tendem a achar que um indivíduo “feliz” ou equilibrado se assemelha muito a uma rocha: estável, inabalável, forte. Mas na verdade, a pessoa verdadeiramente equilibrada se parece muito mais com um móbile.
E o que é um móbile se não um todo feito de várias partes – e que, diga-se de passagem, quanto mais partes tem, mais atraente é – que se estiverem em perfeitas condições sempre farão com que o todo volte naturalmente ao equilíbrio mesmo depois de um tapa, uma mexidinha, uma brisa ou uma ventania?
Como todo grande avanço em termos sociais, políticos ou econômicos sempre teve como mola propulsora o sofrimento generalizado da Humanidade, acho que o efeito colateral desse grande “lançamento” do século XX contribuirá, sobremaneira, para que a humanidade inicie sua caminhada rumo ao equilíbrio.
Se nós não quisermos sucumbir ou ver nossos filhos sucumbirem a essa propaganda enganosa de consumir felicidade - e acabar levando para casa uma saco cheio de vazio - a única saída é buscar o equilíbrio. A única saída é tomar conhecimento das partes que compõem o todo, aceitá-las e sair por aí virando móbile, sem a menor pretensão de ser feliz!
Foto de sxc.hu.

Protesto contra o aumento da gasolina

Posted: 03 May 2011 10:37 PM PDT

Protesto contra o aumento da gasolinaDurante algum tempo muitos consumidores tentaram organizar protestos contra o aumento de gasolina de uma forma ineficiente. A ideia era boicotar os postos BR, abastecendo apenas em postos de outras bandeiras. O problema é que 300 pessoas deixarem de fazer algo não impacta tanto, pelo menos a ponto de chamar a atenção da mídia.
Entretanto, tomei conhecimento de um movimento contra os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis que está dando o que falar. Ao invés de deixar de fazer, essas centenas de pessoas resolveram fazer algo: escolher um determinado posto (geralmente BR), marcar um horário para todos se encontrarem e abastecer apenas R$ 0,50, se possível no cartão de crédito, e exigindo a nota fiscal. E parece que tem dado muito certo.
O intuito deste artigo, portanto, é apresentar o movimento “Na Mesma Moeda“, mostrar o que cada consumidor deve fazer e disponibilizar alguns vídeos e reportagens comprovando a repercussão do protesto.

O que é o protesto “Na Mesma Moeda”?

É um movimento para protestar pacificamente contra o aumento do preço dos combustíveis. Para tanto, vários grupos estão se reunindo em diversas cidades e combinando de abastecer em algum posto, pagando apenas R$ 0,50. A proposta é que esse valor não cobre os custos do revendedor com tributação, emissão de nota fiscal e tarifas da administradora do cartão de crédito.
De acordo com o site do movimento, a ideia de criar este protesto pacífico foi de um grupo de publicitários de Goiânia (GO), revoltados com a notícia do aumento da gasolina para absurdos R$ 3,19 (eu achando péssimo o preço de R$ 2,79 aqui em Recife).

Como funciona?

Basta marcar um local e divulgar para que as pessoas possam se encontramos em algum lugar e é feito uma carreata até ao posto de gasolina escolhido. Chegando lá, cada um abastece no máximo 50 centavos, pede a nota fiscal e tudo que você tiver direito.
A intenção é tornar o custo desse abastecimento mais alto que o lucro que o posto teria com a venda do combustível. Fazendo com que o revendedor sinta no bolso o quanto pesa o pagamento de tributos. Se o posto aceita e se voce tiver, pague com cartão de crédito.
Para saber mais detalhes sobre como protestar, recomendo a leitura da secão que trata desse tópico no site do movimento.

Repercussão na imprensa

O protesto já ocorreu em várias cidades e muitas outras já estão se organizando. Tanto que já foram criados eventos no Facebook divulgando os protestos em Florianópolis e Recife. Além disso, há vídeos pela internet relatando os protestos que já ocorreram. Assistam a seguir os vídeos dos protestos em Goiânia (que acredito ter sido o primeiro deles) e em Belo Horizonte:

Goiânia

Belo Horizonte

O que acharam do protesto?

Se já tiver ocorrido o movimento em sua cidade, comente sobre a repercussão. Se ainda não ocorreu, mas já estiver marcado, participe. Se ainda não há nada marcado, que tal organizar? Acredito ser uma forma bem bacana de protestar pacificamente e que pode trazer bons resultados, tanto que as proporções que o protesto tem tomado são bem relevantes.