quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Microempreendedor Individual é turbinado pela Assessoria Contábil

Mesmo não tendo obrigatoriedade da contabilidade, os empreendedores individuais estão descobrindo que a resposta do mercado está diretamente ligada a seriedade que encaram seus negócios. O zelo pela sua atividade, o desejo de aprender a manter um mínimo de controle em relação ao que compra, vende e recebe, está levando a esses novos empresários - MEI - a valorizar a Consultoria de um Contador. Essa nova visão está permitindo uma grande mudança na vida relacionada a organização, o gerenciamento e o controle de sua posição no mercado empresarial.
Até mais,
Lucia Helena
Gerente Comercial CredConf Contabilidade

 


O motoboy Gilvani Figueira da Silva e a vendedora ambulante Lívia Franchini Butierrez não tinham acesso a crédito no mercado nem comprovação de renda. Viviam sem benefícios previdenciários que dessem uma garantia de futuro. “Antes eu era uma pessoa oculta no mercado, um profissional inexistente oficialmente”, relata o motoboy, que está na profissão desde 2002. Para ele, ingressar no programa Microempreendedor Individual (MEI) significou a realização de um sonho. “Agora eu estou registrado e posso dar nota fiscal para o meu cliente”, comemora.
Sair da informalidade aumentou a autoestima desses profissionais que trabalhavam sem benefício algum. “A vida melhorou muito e já me sinto um verdadeiro empresário”, relata Silva, satisfeito com o novo momento. Hoje ele recolhe INSS, abriu conta em banco e fez até um seguro de vida, uma preocupação antiga em razão do alto risco da sua atividade profissional. “Foi a melhor coisa que o governo fez para gente”, resume.
A vendedora Lívia trabalha como vendedora de roupas há dois anos. A formalização permitiu que ampliasse suas vendas e profissionalize os serviços. Hoje consegue vender com cartão de crédito, o que facilita para ela e para o cliente. Após a formalização, eles não dispensaram a orientação mensal dos seus contadores, que fizeram, de forma gratuita, a adesão dos autônomos ao MEI.
Aprovada em dezembro de 2008, a lei que considera o trabalhador autônomo que recebe até R$ 36 mil por ano registrou 1,6 milhão de profissionais em todo Brasil. Só no Rio Grande do Sul, são mais de 87 mil. A fim de dar um empurrãozinho na formalização, o governo federal conta com os profissionais contábeis para ajudar nesse processo.  Na prática, a medida beneficia profissionais como ambulantes, doceiros, eletricistas, cabeleireiros, manicures, motoboys etc. Ao todo, dezenas de categorias são beneficiadas pelo programa (www.portaldoempreendedor.gov.br/modulos/entenda/quem.php). Mas, mesmo assim, ainda restam 11 milhões de informais no País, 700 mil só no Estado de acordo com informações do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RS).

O programa é um sucesso na opinião do gerente de Políticas Públicas do Sebrae-RS, Alessandro Machado. O Sebrae vem focando a atenção na capacitação empresarial de todos esses trabalhadores, por meio de palestras, cursos e oficinas, preparando cada vez mais os empreendedores para o mercado. Para ele, o contador é um profissional de grande importância nesse processo. Em pesquisa realizada pelo Sebrae, foi constatado que o profissional da Contabilidade é o primeiro a ser procurado pelo empresário quando ele tem dúvidas ou dificuldades. “A orientação correta é fundamental para iniciar bem um pequeno negócio”, comenta.
Todo o processo de registro do empreendedor individual é gratuito, contudo não se pode descartar a necessidade de uma Consultoria Empresarial para que ocorra um crescimento seguro e estável, assim como conhecimentos em gestão empresarial.
Para o presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), Zulmir Breda, a participação da categoria é fundamental neste momento do País. “Nosso papel começa desde o primeiro passo da empresa”, constata. Breda recomenda que os microempreendedores levem em consideração os conhecimentos dos seus contadores para que possam crescer no mercado com segurança e evoluir para microempresário, ao lembrar que a maioria das empresas tem dificuldades em se manter e muitas acabam fechando as portas em apenas dois anos. A causa disso, de acordo com o presidente, pode ser a falta de uma orientação qualificada. O CRC RS também busca instrumentalizar este profissional através de cursos e palestras sobre o MEI.

Paralisação nos bancos e nos Correios é mantida

TST realizará hoje uma audiência de conciliação com grevistas da estatal


FELIPE VANINI BRUNING

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DE BRASÍLIA


A greve dos bancários atinge o oitavo dia sem avanços entre as partes. De acordo com a Contraf (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), 7.950 agências ficaram fechadas ontem no país, cerca de 40% do total.
Segundo fontes do setor, a expectativa é que não seja feita uma nova proposta por parte dos bancos até os grevistas recuarem de sua reivindicação de aumento de 12,8% sobre o salário, além de aumento de 5% da PL (participação de lucros).
A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) propõe aumento de 0,56%, além de correção da inflação. A Justiça pode interferir no movimento se for acionada por uma das partes, o que ainda não ocorreu. Por lei, a compensação de cheques e DOCs, considerada serviço essencial, não pode ser interrompida e deve respeitar os prazos estipulados pelo Banco Central.

MANIFESTAÇÕES
Os trabalhadores dos Correios preparam para hoje manifestações em Brasília e em São Paulo, que devem reunir ao menos 2.000 pessoas. O TST (Tribunal Superior do Trabalho) vai fazer hoje uma audiência de conciliação para tentar encerrar a paralisação, que está completando 21 dias. A empresa afirma que 23% dos 107 mil funcionários estão em greve.
 
ANÁLISE

É necessário definir limites da paralisação do serviço público


ROGÉRIO BARBOSA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os Correios e os bancos -seja na forma de empresa pública, seja como sociedade de economia mista- executam serviços tidos como essenciais. A partir da Constituição de 1988, foi assegurado o direito de greve aos servidores públicos, embora inexista norma específica.
Segundo a ementa 64 do Comitê de Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho, "[...] o direito de greve é um dos direitos fundamentais dos trabalhadores e de suas organizações, unicamente na medida em que constitui meio de defesa de seus interesses".
Portanto, o que vem prevalecendo nas decisões dos tribunais superiores é que a greve tem natureza jurídica de direito fundamental. Com base no princípio constitucional da continuidade, e não obstante a lei 7.783/89 dizer respeito à "Lei Geral de Greve", os tribunais vêm se posicionando favoráveis à extensão da aplicação dessa lei para regular a greve no serviço público, bem como o percentual de servidores nos serviços essenciais.
A greve é a suspensão coletiva, total ou parcial, temporária e pacífica, de prestação pessoal de serviços, em que são defendidos interesses concernentes às condições contratuais e ambientais de trabalho, seja pelo não cumprimento de obrigações das empresas, seja para reivindicar implementação de novas condições contratuais.
A "Lei de Greve" determina a manutenção da prestação do serviço público de forma que assegure sua continuidade sem estabelecer, contudo, um percentual do contingente de servidores ou colaboradores.
É importante a análise da razoabilidade do movimento, em que se deve aferir se ele ocorre de forma adequada a obter a finalidade buscada pelos grevistas, além da continuidade no atendimento à população, evitando que haja prejuízo irreparável.
Dessa forma, é extremamente necessária a definição dos limites de greve. E, para isso, é imprescindível a intervenção estatal, dado o caráter da essencialidade dos serviços, a fim de que se permita a manutenção do atendimento das necessidades inadiáveis da sociedade. Por fim, diante da lacuna de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos, há que existir um movimento constante e seguro para chegar à resolução desse impasse social, em busca de uma segurança jurídica para toda a sociedade.


ROGÉRIO BARBOSA é coordenador do curso de direito do Ibmec.

Sucesso, riqueza e bem estar: só iniciativa não basta para vencer!


Sucesso, riqueza e bem estar: só iniciativa não basta para vencer!Bruno comenta: “Navarro, sou daqueles caras super motivados e que tem energia de sobra para iniciar diversos projetos. Gosto de desafios. Minha atual meta pessoal é colocar ordem em minhas finanças e pagar algumas dívidas atrasadas. O problema é que depois de alguns dias tentando colocar em prática essa mudança, coisas novas aparecem e perco o foco. Mas não falta iniciativa. Onde estou errando? Obrigado”.
Você já deve estar acostumado com as insistentes vozes da educação financeira que dizem que para que haja real transformação e sucesso financeiro é necessário mudar de atitude, desafiar hábitos e rever comportamentos. Mais que aprender a somar, subtrair e multiplicar, questionar o processo de tomada de decisão é que tende a trazer melhores frutos.
Os sonhos são individuais, a mudança também!
Faço coro aos demais especialistas, mas tentarei agregar algo mais ao tema. As mudanças propostas são de caráter pessoal e, assim, influenciadas por diversas variáveis subjetivas e particulares: imprimir novos hábitos e definir prioridades são tarefas que oferecem desafios individuais diferentes. Em outras palavras, o que é fácil para um pode não ser para o outro.
“Há que se tentar”, você deve estar pensando. Iniciativa é a palavra mais usada para definir a característica desejada em muitas ações cotidianas. Se é importante mudar, é também crucial que essa decisão parta de nós mesmos – e que seja então transformada em ação de algum tipo. Com iniciativa, logo logo damos por iniciado o nosso “processo de transformação”. Quer ver?
§ Toda segunda-feira acordamos motivados a colocar em curso a dieta que finalmente mudará o rumo das coisas. A sensação é sempre ótima e passamos o dia respeitando o cardápio e comemorando. Às vezes passamos uma semana, um mês assim. E só;
§ Todo ano renovamos os votos de dias melhores e definimos metas pessoais importantes: perder peso, livrar-se das dívidas, visitar mais a família, estudar mais etc. São tantas as mudanças desejadas, não é mesmo? Haja iniciativa.
Definir tudo isso dá trabalho. Priorizar e agir conforme tais resoluções passa a ser um objetivo. Queremos mudar, queremos ser melhores, não queremos? Por onde olho, não parece faltar iniciativa. Aliás, o que não falta é vontade e coisas a fazer. Iniciativa, começo a ser mais realista em minhas observações, todo mundo tem: basta que o estímulo seja suficientemente interessante para despertar em nós a decisão pelo novo.
Quanto realmente nos levamos a sério?
Se não falta vontade, atitude e iniciativa, como responder a algumas questões tipo:
§ Por que tão poucas pessoas são bem-sucedidas financeiramente e vivem em dia com seus compromissos e orçamento?
§ Por que poucos brasileiros conseguem se manter saudáveis e satisfeitos com sua forma física?
§ Por que tão poucos indivíduos são capazes de atingir as metas propostas por eles mesmos?
“Há algo mais, não é possível”. Sim, há. Entre o começo de qualquer projeto pessoal e a hora de comemorar seus bons resultados existe um longo percurso. A jornada traz ao sujeito boas doses de realidade, especialmente se a trajetória escolhida for verdadeiramente nova (desafiadora). O caminho normalmente reserva:
§ Frustrações. Depois do otimismo característico e necessário para que sejam dados os primeiros passos, nos deparamos com a vida real. Portas fechadas, resultados aquém do esperado, necessidade de correção de rota etc. Impossível não ser assim;
§ Decepções. As surpresas com os relacionamentos e amizades são comuns (infelizmente!) durante o decorrer dos acontecimentos. Empresas e sociedades são frequentemente assoladas por problemas dessa ordem. Errar na escolha pode inviabilizar um importante passo, mas nunca o sonho;
§ Crises. A história comprova que muito do que hoje é melhor compreendido surgiu do enfrentamento franco das crises – muitas delas com medidas drásticas, como guerras e polêmicas decisões dos governos vigentes. O endividamento excessivo, por exemplo, é uma das mais graves crises que alguém pode encarar, mas tem solução. Tem que ter;
§ Momentos de reflexão. Costumamos ser críticos demais com as horas difíceis (dos outros, principalmente) e pouco efusivos quando há o que celebrar. É aquele gosto estranho que nutrimos ao apontar o dedo ou estufar o peito: “Não falei?”; “Eu sabia que não daria certo”. Enquanto isso, damos asas demais ao que esperam de nós e deixamos de celebrar as pequenas vitórias do dia a dia;
§ Vitórias. Ora, as coisas também dão muito certo. Aproveitar a sensação de “alvo atingido” oferece energia e motivação para seguirmos firmes com nossas aspirações. Importante que as emoções não sejam demais a ponto de cegar, acomodar e criar a sensação de que a rotina já está confortável.
Repare que o percurso descrito pelos itens acima envolve ações e consequências inter-relacionadas. A ordem dos desafios não é literal, mas todos passamos (passaremos) por situações deste tipo. Trata-se, portanto, de um ciclo. Costumo chamá-lo de ciclo de amadurecimento.
Iniciativa demais não adianta nada...
É importante ter iniciativa, é claro, mas só ela não muda muita coisa. O que, então, devemos buscar? Arrisco-me a dizer que a diferença está em insistir mesmo que o ciclo de amadurecimento ofereça mais percalços e crises que vitórias. Trabalhar, trabalhar e trabalhar. Agir mesmo que as respostas não sejam exatamente as que desejamos. Persistir. Abordei essa visão nos artigos "Quanto você está disposto a lutar e esperar por um sonho ou objetivo?" e “O sucesso tem perseverança, motivação, disciplina e muitos fracassos”.
Hoje quero tratar da disciplina. Ela resume o que acredito ser o “pulo do gato” que permite a poucos brasileiros a proeza de se destacar e ver realizados seus objetivos. Começar a dieta é fácil; levá-la a sério é outra história. Com o dinheiro não é diferente: iniciar as atividades de planejamento é simples; rever decisões econômicas e colocar em marcha o plano (e suas consequência) requer desprendimento, esforço e dedicação.
Em se tratando de disciplina, o exercício combinado de reflexão, paciência e motivação frequentemente se confunde com a frustração de não seguir a moda, o anseio dos outros. Respeitar o padrão de vida e lidar com essa percepção viciada evita angústias e problemas futuros. Digo isso porque percebo que a ansiedade combinada à expectativa dos outros detona com o aprendizado decorrente do “saber esperar”.
Somos seres irracionais, é óbvio...
Sendo mais direto, é fácil saber porque tantas pessoas preferem pratos gordurosos a uma dieta saudável; ou porque curtir e comer atrai mais adeptos que a prática regular de exercícios físicos; ou porque consumir logo, usando o crédito, é a opção da maioria em detrimento do hábito de negociar, poupar e pagar à vista.
É fácil: a satisfação imediata vence os possíveis benefícios futuros. Está certo? O modelo “curtir agora, correr atrás depois” é popular porque atinge em cheio nossas emoções. Simples assim.
Não se espante! Demorei tantas linhas para falar algo que você já sabe: não adianta se vangloriar por ser bom em começar as coisas. Isso é comum. São os projetos levados a sério, construídos com disciplina, que dão ganhos significativos. Tapar os olhos para essa verdade é continuar a se esconder atrás de desculpas esfarrapadas. O alívio é imediato, mas é também temporário e não representa mudança.
É aquela velha história: você sabe bem o que precisa fazer, mas certas justificativas são cômodas e fazem o tempo passar. Os dias avançam, os anos passam e a situação vai sendo empurrada. Sem saber (ou consciente disso, não sei), você escolhe parecer feliz, parecer bem. Parecer? A realidade, ali do lado de fora da janela, é bem distinta.
Vamos resumir? Não importa quantos projetos bons aos olhos dos outros você começa ou apoia (iniciativa), mas quantos projetos relevantes para você e seus entes queridos você termina (disciplina). O resto é hipocrisia e exigência social descabida.
 Até mais.


Foto de sxc.hu.



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Este artigo foi escrito por Conrado Navarro.

Empreendedorismo: opção, loucura, estilo de vida ou caminho para o sucesso?


Empreendedorismo: opção, loucura, estilo de vida ou caminho para o sucesso?Helton comenta: “Navarro, tenho lido muitos livros sobre empreendedorismo e penso seriamente em começar meu próprio negócio em breve. No entanto, sou constantemente desencorajado por amigos e familiares, que falam das dificuldades da vida de empresário e insistem com opções cuja estabilidade é maior, como concursos públicos e o emprego onde já estou. Ainda assim, sinto que o desejo de empreender é maior que tudo isso. E agora? Obrigado”.
A profusão de livros de memórias, biografias e artigos/matérias publicados hoje em dia sobre negócios reforça uma antiga percepção pessoal: histórias de empreendedores chamam atenção e populam o imaginário de muitas pessoas mundo afora. O romantismo que cerca parte dessas histórias aumenta os sonhos dos muitos candidatos ao título de “empreendedor do algum dia”. Parte desse movimento é bom.
Empresários bem-sucedidos se tornam ídolos de forma quase instantânea, mas poucos são os interessados em mergulhar fundo em suas trajetórias; ainda mais raro é o grupo interessado em conhecer, em detalhes, o ambiente de negócios em que se insere a empresa tão sonhada e seu entorno (legislação vigente, burocracia, concorrentes, carga tributária, modelo de negócios etc.). Empreender é correr riscos, mas de forma consciente.
Empreender é solução? Onde?
Essa introdução me lembra de um episódio recente, em que fui acometido pela tão falada “inveja boa”. Malcolm Gladwell, autor dos excelentes livros “Fora de Série” e “O Ponto da Virada” (ambos publicados pela Sextante), disse esses dias atrás que “o empreendedorismo é a melhor alternativa para jovens nos EUA”. E falou mais:
“Os Estados Unidos têm uma cultura que encoraja correr riscos e apoia as ideias dos empreendedores. Há uma cultura que reconhece que construir uma empresa do zero é algo legítimo e que isso pode ser mais importante do que um emprego estável. Ser empreendedor é considerado prestigioso em nossa sociedade” (Malcolm Gladwell, Folha De S. Paulo de 25/09/2011).
Enquanto países mais desenvolvidos oferecem “uma estrutura receptiva a ideias não testadas”, nós lutamos contra entraves burocráticos impressionantes e certa desconfiança cultural por parte de muitos colegas. Tenho percebido que muitos brasileiros têm preferido a estabilidade do cargo público e do emprego aos desafios propostos pela aventura de empreender que eles tanto admiram.
Essa realidade me preocupa, especialmente porque pode ser um sinal claro de acomodação e desânimo frente às necessárias reformas estruturais que há tanto tempo temos adiado. Aqui no Brasil, o candidato a empreendedor sério passa por testes duríssimos, sobretudo durante seus primeiros anos de vida.
A burocracia pesa muito e desestimula
Talvez você não saiba, mas por aqui o processo de abertura de uma empresa leva até 120 dias e envolve 15 autorizações e licenças. O tempo é vinte vezes maior que o necessário nos EUA. O número de procedimentos contrasta com a realidade de países como o Canadá e Nova Zelândia, onde é exigida apenas uma autorização. O México exige seis procedimentos e o processo todo leva apenas nove dias.
O custo médio para iniciar as atividades da empresa chega a R$ 2038,00, contra R$ 1213,00 na Colômbia e poucos menos de R$ 300,00 na China. Se consideradas as esferas federal, estadual e municipal, o total de tributos existentes por aqui chega a 85, o que impacta a produtividade e a competitividade de nossas companhias. Nossa burocracia consome 2600 horas de trabalho por ano, valor 14 vezes maior que o dos norte-americanos (187 horas) e 21 vezes o dos suecos (122 horas). A média da América Latina é de 385 horas.
Se o negócio não deu certo, vale tentar de novo. Infelizmente, fechar a empresa e abrir outra pode ser uma tarefa igualmente penosa. São até quatro anos de luta, trabalho e muita documentação para encerrar as atividades de uma pessoa jurídica brasileira. Os dados aqui mencionados foram divulgados, em setembro, pelas Revistas Exame e Veja.
Tudo isso se reflete em nosso cotidiano e, principalmente, nas necessárias boas vindas que devemos oferecer a quem quer empreender – atividade que cria empregos, atrai investimentos, gera maior oferta de produtos, inovação etc. O quadro é complicado e está longe do ideal: segundo o relatório “Doing Business”, do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 128ª posição no ranking de facilidade para estabelecer empresas – atrás de nações como Moçambique e Nepal.
Mesmo assim, o sonho prevalece!
Ainda diante de um cenário desfavorável, o empreendedorismo tem crescido e se destacado. Só em 2010 foram US$ 48 bilhões em investimentos estrangeiros no país. O total de empresas formais beira os 5 milhões, número muito maior que o de décadas passadas (mas ainda muito menor que o número de negócios informais). Felizmente, o desejo de ser dono do próprio nariz ainda permeia os ambientes escolares e os corredores corporativos.
Não é um caminho fácil, posso afirmar por experiência própria. A estrada percorrida pelo empreendedor brasileiro é longa, sinuosa e repleta de buracos, mas a jornada compensa o risco! Afinal, qualquer empresário bem-sucedido não hesitará em confirmar que “faria tudo de novo”. Por outro lado, se fosse fácil, simples, qualquer um o seria.
Sinto-me mais confortável para responder à questão que serve de título para este artigo. Empreender é um misto de loucura, oportunidade, perfil, estilo de vida e risco. Empreender é aceitar as consequências de sua opção como um caminho para o sucesso, ainda que percorrê-lo signifique colecionar e ultrapassar muitos fracassos.
Não deixe que as expectativas dos outros modelem seu pensamento e limitem sua visão. Algumas pessoas tentam nos proteger com o pretexto de evitar nosso sofrimento – no entanto, a maior parte delas não teria coragem para sequer cogitar o empreendedorismo. Você está pronto para enfrentar as implicações de ser o dono do seu próprio destino econômico e financeiro? Leia direito: não existe estar pronto para ter o próprio negócio, existe estar pronto para lidar com os resultados desta decisão. E ai?

Foto de sxc.hu.