terça-feira, 31 de maio de 2011

A prosperidade empresarial não pode depender de lideranças

A prosperidade empresarial não pode depender de liderançasAssunto comum no universo corporativo, o tema liderança[bb] ocupa, há tempos, o noticiário de negócios e gestão por conta da importância de seus impactos. Em resumo, o que se prega é que uma eficaz e forte liderança resulta em bons resultados e batimento de metas. O contrário, bastante óbvio, traria como consequência uma catástrofe corporativa, com a inversão da espiral positiva de desenvolvimento, sustentabilidade econômica e inovação, tão caros para a preservação empresarial.
Muito bem, não me cabe questionar os efeitos que um líder pode provocar. Nem mesmo defenderia o fim dessa relevância, uma vez que, em minha opinião, trata-se de um conceito que representa a espinha dorsal do empreendedorismo e da livre iniciativa.
Afinal de contas, toda empresa ou negócio estabelecido hoje nasceu antes na mente e nos sonhos de corajosos empreendedores, que a despeito de todas as dificuldades e ameaças lideraram seus projetos até que se transformassem em realidade palpável. Isto é um fato, ponto final.
No entanto, observo algum exagero na abordagem do tema, principalmente quando pensamos nos pilares que garantem a prosperidade e a longevidade de uma empresa na linha do tempo.
A questão é que a sobrevivência de um negócio não pode ficar à mercê desse elemento tão instável, incontrolável e muitas vezes imprevisível que conhecemos como ser humano[bb]. Ele pode ser forte, mas às vezes é frágil. Pode ser muito ou nada vaidoso, mas é repleto de virtudes e vícios.
Alguns cuidam da saúde, mas outros não se recordam do último check-up ao qual se submeteram. Está exposto a questões pessoais não resolvidas e nem sempre gosta de vozes discordantes, por mais que afirme o contrário e mesmo que venham em seu benefício. Tudo isso desde que seja um sujeito normal e saudável, é claro.
Em resumo, um risco total. Honestamente, quando leio sobre as propagadas características robóticas dos líderes, não me vem outro pensamento senão o de que a utopia de fato não acabou. Se não é utopia, certamente se trata de um total desconhecimento de gênero humano.
Seres humanos são falíveis por excelência. Por mais duro que seja, é necessário e importante aceitar que as nossas obras, quando sólidas e consistentes, devem sobreviver à nossa influência. Mais do que isso, penso que devemos trabalhar para que assim ocorra.
Bons empresários e líderes devem se esforçar para construir empresas que tenham na sua arquitetura de governança[bb] os fatores críticos necessários para torná-la um organismo vivo e de certa forma blindado da má gestão, seja ela conduzida pelos fundadores, seus herdeiros ou por profissionais contratados.
Para encerrar, penso que um bom líder não pode se embriagar pela falsa noção de perfeição, nem mesmo concluir que é insubstituível. Bons líderes deixam um legado, eventualmente um quadro na parede, mas sabem se retirar na hora certa.
Crédito da foto para freedigitalphotos.net.


Este artigo foi escrito por Plataforma Brasil.

Como cobrar por serviços que antes eram gratuitos?


Estacionamento de shopping é um exemplo clássico. No começo, é gratuito para atrair clientes. Passados uns meses da inauguração, suas entradas ganham cancelas e, deixar o carro em segurança para fazer compras, passa a ter um preço. A mudança nunca é bem aceita pelos frequentadores. Afinal, por que pagar por um serviço que antes era grátis?
O consumidor sempre reclama, mas alguém deixa de ir ao shopping por causa do estacionamento? Você deixaria de calibrar os pneus do seu veículo caso o frentista avisasse que a tradicional “caixinha” foi substituída por um valor fixo e inegociável? Você deixaria de buscar algo no Google se tivesse que pagar antes de acionar o botão “pesquisa”?
O dilema assombra muitas empresas, principalmente as que cresceram oferecendo serviços gratuitos na internet e para as quais o modelo de negócio de financiamento por anunciantes não é suficiente. Cobrar ou não por um serviço que antes era oferecido gratuitamente? E se o cliente não aceitar pagar? A situação pode parecer irreversível, mas não é.
Em um artigo publicado na última semana no jornal argentino La Nación, o economista Ariel Baños, especialista em estratégias de preços, aponta a frustração do consumidor diante de um produto que ganhou preço como oportunidade de negócio. “Qualquer centavo é caro demais se comparado à facilidade de não se pagar nada”, diz. Alguém discorda?
Para Baños, a solução está nos produtos e serviços “freemium”. “Na percepção do cliente o “grátis” é um direito adquirido. Então, a chave é manter o antigo serviço prestado de forma gratuita (“free”) e investir em um novo, com muitas outras vantagens e atrativos (“premium”), pelo qual se possa cobrar”, explica.
O economista aponta o Skype como exemplo de empresa que apostou no serviço “freemium” para não perder clientes. Dois usuários do software podem conversar à vontade pela internet sem qualquer custo. Mas uma taxa é cobrada daqueles que desejam ligar para um telefone fixo ou celular.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Entendendo a Estratégia da Fiscalização da Receita Federal

Por Rogério Negruni *

Ao ler a notícia, ‘Fisco Apura Sonegação de R$ 2,387 Bilhões’, decidi escrever este artigo para alertar empresários, contadores, controllers, diretores, estudantes, informatas, advogados tributaristas, profissionais da área fiscal e formadores de opinião sobre o assunto, tais como consultores, assessores, políticos, etc.
Fico a imaginar a curiosidade desses profissionais em saber quais os fatores que levam a Receita Federal a apresentar uma fiscalização mais produtiva e inteligente em relação aos anos anteriores de forma sistemática.
Poucos sabem que a estratégia da Receita Federal (RF) de intimar as empresas, (exceto as enquadradas no Simples) embasada legalmente pela IN86 – Instrução Normativa 86 -, atualizada pelo Ato Declaratório Executivo COFIS nº 15, de 23 de Outubro de 2001 – Anexo Único, é o grande segredo de tanto sucesso.
O que vem a ser isso exatamente? Entrega de arquivos conforme um padrão pré-definido pela RF referentes a todas as operações da empresa nos últimos seis anos no prazo de vinte dias. Isso mesmo vinte dias!
Bom, então vamos explicar os alicerces do sucesso dessa estratégia de fiscalização de forma que todos entendam:
1-A seleção para as intimações são orientadas pelos cruzamentos de informações fiscais ou não obtidas de fontes externas a RF, tais como CPMF, Cartão de Crédito, Junta Comercial, SINTEGRA (arquivos exigidos pela receita estadual que agora ficam à disposição da RF), etc. As fontes de informações exclusivas da RF, tais como guias de recolhimento, IRPJ, etc, também são utilizadas.
O cruzamento das informações facilita muito identificar indícios de sonegação. Daí um dos aumentos da produtividade da fiscalização. A probabilidade de encontrar o contribuinte com irregularidade aumentou. A antiga técnica de amostragem quase aleatória, para escolher os contribuintes a serem fiscalizados, entrou em desuso.
2 – Uma vez identificado o contribuinte tipo Pessoa Jurídica com algum indício de irregularidade, esse é intimado (comunicação solicitando alguma providência com prazo definido). Mas veja o detalhe de como isso é feito: o auditor fiscal não é incentivado a visitar a empresa para isso. Para quê? Se fica mais ágil o envio de um e-mail e a confirmação do seu recebimento por telefone. Em casos especiais, envia-se uma correspondência registrada para o endereço da empresa.
Nesse comunicado, embasado juridicamente pela IN86, entre outros dispositivos legais, são solicitadas — para entrega em 20 dias — informações (arquivos) em mídia digital referentes às transações feitas pela empresa nos últimos seis anos (o ano corrente e os cinco anos anteriores).
Deixou de fazer sentido o auditor fiscal visitar o contribuinte, trancar-se numa sala e ficar examinando pilhas e mais pilhas de documentos durante dias. Nada disso. Basta aguardar o envio dos arquivos solicitados (podem ser lançamentos contábeis, movimentação de estoque, notas fiscais detalhadas, pagamentos…).
Bingo!! Aqui, mais um enorme ganho de produtividade da equipe de fiscalização. A empresa deve gerar e entregar as suas próprias informações em arquivos.
Mas como isso se processa na prática?
É quase impossível gerar os arquivos solicitados pela intimação no prazo de 20 dias, se as empresas não estiverem com as informações previamente preparadas (validadas e conferidas). Além disso, dependendo do número de anos solicitados (até seis anos), podem ser necessárias muitas horas para a geração desses arquivos.
Bem, mas a responsabilidade, de acordo com a legislação, em estar preparado para atender a uma eventual solicitação de informação, é do contribuinte. Algumas empresas conseguem entregar os arquivos (é bem verdade que quase sempre solicitando uma prorrogação de prazo). As multas previstas para o caso de não serem entregues são muito pesadas. Essas multas, geradas por descuido do contribuinte, também acabam sendo fonte extra de arrecadação para a RF.
3 – O auditor fiscal também não se envolve com o atendimento da intimação até que ela seja atendida, o que novamente aumenta muito a sua produtividade. Ele pode intimar um número cada vez maior de empresas simultaneamente. Esse é mais um ganho em relação ao passado recente, quando o fiscal era praticamente obrigado a dar suporte técnico por telefone de como deveria ser gerado o arquivo para cada empresa intimada pela IN86. Isso passou a ser desnecessário, pois a receita passou a dispor de um programa validador, que emite o protocolo de entrega (que precisa ser assinado no ato) apenas se o arquivo estiver ‘bem’ gerado tecnicamente, isso é, capaz de ser lido pelo ‘superprograma’ de auditoria da RF. Programa esse escrito especialmente para ler e processar as informações previstas na IN86. Resumindo: o envolvimento do auditor da receita para com as empresas intimadas concentra-se em atender aqueles contribuintes que já estão com o protocolo em mãos, ou seja, aqueles que já superaram as dificuldades técnicas da geração dos arquivos. Bingo! Novos ganhos de produtividade para a fiscalização.
4 – O auditor fiscal, com os relatórios obtidos do ‘superprograma’ auditor, pode encaminhar novas intimações, autuações ou simplesmente encerrar a fiscalização. Somente nessa etapa poderá ser necessária a análise dos documentos.
5 – Finalmente, ainda podemos creditar ao sucesso da estratégia da RF, o excesso de confiança da equipe de TI dos contribuintes, que normalmente não percebe as reais dificuldades da geração dos arquivos, que está muito além do enfoque restrito da informática. Na verdade, não basta gerar os arquivos, o que, realmente, é muito rápido de ser feito (desde que esteja disponível a informação). O grande desafio é gerá-los com as informações que ‘fechem’ com os valores históricos apresentados nos documentos fiscais e nas guias de recolhimento (DARF) da época (até cinco anos atrás).
É nesse ponto que as empresas se encontram mais vulneráveis, já que freqüentemente adotam uma solução baseada exclusivamente na opinião da equipe de TI, por considerá-lo um problema da informática.
Certamente, o controller, cujo conhecimento e responsabilidade é mais amplo sobre o assunto, percebe rapidamente os riscos de se entregar os arquivos sem fechamentos de valores ou sem consistência diante das auditorias cruzadas (por exemplo, quando o saldo do estoque não bate com a movimentação das notas fiscais) feitas pelo ‘superprograma’ de auditoria da RF.
Assim, entregar os arquivos solicitados pela intimação (que é também uma prova do contribuinte de que ele está regularizado) sem os cuidados prévios necessários, vem contribuir para o aumento da arrecadação e para a produtividade da fiscalização, considerando que qualquer erro pode ser transformado em autuação.
Temos que elogiar esse inteligente trabalho da RF, agora estendido para a fiscalização do INSS mediante a criação da Super Receita. É importante para os cidadãos que a fiscalização seja mais eficiente e produtiva, para que todos paguem os seus impostos e, assim, seja possível reduzir a carga tributária dos que pagam. Esse primeiro round a RF ganhou com folga das empresas. Entretanto, as empresas atentas já encontram à disposição programas que poderiam ser chamados de ‘Programa Auditor’, mas do lado do contribuinte, de forma a detectar o maior número de inconsistências nos arquivos antes de entregá-los. Justo, não? Afinal, as empresas têm todo o direito de defender-se dos problemas técnicos da geração dos arquivos e evitar de serem autuadas por causa disso. No próximo round, as empresas mais preparadas poderão empatar o resultado dessa disputa tecnológica com a Receita.
Espero que, após a leitura deste artigo, fique mais fácil para os executivos responder as seguintes questões:
- Meus investimentos em sistemas de informação contemplam o atendimento das intimações pela IN86 para os últimos seis anos?
- Qual o real esforço para entregar os arquivos ao Fisco tendo o mínimo de risco com despesas inesperadas?
* Rogério Negruni, administrador de empresas, pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e diretor da Decision IT.
** Artigo publicado no site www.federasul.com.br” (Fonte: http://www.decisionit.com.br)

Quitar dívidas ou investir?

Quitar dívidas ou investir?A descoberta da Educação Financeira mexe muito com as pessoas. Recebemos diversos e-mails e comentários agradecendo pelas dicas e até se lamentando por não ter tomado conhecimento sobre como lidar com o dinheiro a mais tempo.
Além das sugestões sobre como controlar as dívidas ou como poupar dinheiro, as pessoas têm se interessado cada vez mais por aprender a investir seu dinheiro. Às vezes, mesmo ainda tendo algumas dívidas a pagar, elas já começam a poupar parte do salário para colocar na poupança ou destinar a outros investimentos. O que alguns não sabem, entretanto, é que o pagamento das dívidas deve ser prioridade, em 99,9% dos casos.
O propósito deste artigo é deixar claro porque devemos quitar dívidas antes de começar a investir. Para tanto, é primordial saber o que é uma “dívida cara”, priorizar o pagamento dessas dívidas e só então se preocupar com investimentos.

O que é uma dívida cara?

Alguns pensam que as dívidas mais caras que possuem são as de saldo devedor maior ou até com prestações mais altas. Entretanto estão enganados. As mais caras são as dívidas com taxas de juros mais altas.
Geralmente as dívidas mais caras são os passivos com cartões de crédito (10% a.m.), cheque especial (8% a.m.), crédito pessoal (4% a.m.) ou financiamento de veículos (2% a.m.).
O Banco Central disponibiliza as taxas de juros para as principais modalidades de crédito, tanto para pessoa física quanto para jurídica, organizadas da menor para maior. É possível encontrar as melhores taxas para cheque especial, crédito pessoal, aquisição de veículos automotores e aquisição de bens.

Por que priorizar as dívidas mais caras?

A taxa de juros determina a velocidade de crescimento da dívida. Quanto maior a taxa, mais rápido o aumento do valor das prestações e saldo devedor. Mesmo que você possua dívidas maiores, a prioridade deve ser “matar” as maiores taxas de juros.
Dei alguns exemplos no tópico anterior das dívidas que normalmente são mais caras. Entretanto minha sugestão é que você organize todas as dívidas da maior para a menor e comece a pagar nessa ordem, até que todas sejam quitadas.

Por que não posso investir e pagar dívidas ao mesmo tempo?

A grande maioria dos investimentos (sobretudo os de baixo risco) tem rentabilidade muito inferior às taxas de juros cobradas pelas dívidas. Para se ter uma ideia, enquanto pagamos 10% ao mês para operadoras de cartões de crédito, a caderneta de poupança rende menos que 0,6% mensalmente. Como dificilmente conseguimos rendimentos superiores aos das dívidas, é fácil perceber que elas devem ser prioridade.
Obviamente há algumas poucas exceções, como financiamentos imobiliários para pessoas de baixa renda, com taxas de 4% ao ano, ou prestações de veículos contratadas através de leasing, onde a antecipação de parcelas praticamente não acarreta num desconto significativo.

Conclusão

Pague primeiro as dívidas e só então comece a investir. Nada impede que você inicie os estudos sobre investimentos, buscando oportunidades e avaliando as que mais se adequam ao seu perfil. Na verdade, você tem a obrigação de se preocupar com sua saúde financeira. Afinal, não é porque ainda está pagando as dívidas que não deve se preocupar com investimentos.
Por fim, recomendo a leitura do artigo “Controle suas dívidas“, que traz um guia bem interessante sobre como administrar as dívidas e mantê-las sob controle. Ah, deixe um comentário e compartilhe conosco sua opinião. É muito importante para alimentar a discussão e ajudar outras pessoas.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O papel do Contador nas Empresas

Por muito tempo a contabilidade como ciência predominou no mundo. Desde os primeiros estudos realizados por Luca Pacioli a contabilidade foi usada para auxiliar os gestores no controle das organizações, seja para saber o custo real dos produtos ou simplesmente para saber o patrimônio da organização.
A partir do momento em que a contabilidade passou a servir como base para tributação, a finalidade principal, gerar informações fidedignas para as organizações, desvirtuou para o lado obscuro da contabilidade fiscal. Assim chamada a contabilidade feita especificamente para cumprir a legislação tributária. Dessa forma o fisco passou de um dos usuários para o principal usuário. Assim, começou a exigir que a contabilidade se adequasse as suas normas, ao invés de o fisco adequar a tributação às informações geradas pelas demonstrações contábeis.
Cito alguns autores brasileiros que perceberam estas distorções:
"Para as finalidades de apresentar informações úteis para a tomada de decisão de investidores e emprestadores, as conclusões da contabilidade fiscal são irrelevantes" (Eldon Hendriksen e Michael Breda, 1999)
"A falta de discussão dos princípios contábeis e das boas técnicas de contabilidade tem sido responsável por uma enorme confusão mental dos nossos contabilistas. Na falta de parâmetros teóricos, aceitaram os fiscais e confundiram critérios técnicos com critérios fiscais" (Sérgio de Iudícibus, 2000)
"O governo pode ter um papel inibidor ao desenvolvimento da Contabilidade, a partir do momento em que cria restrições às alternativas de procedimentos contábeis, com o objetivo de evitar a evasão fiscal" (Jorge Katsumi Niyama e Cesar A. T. Silva, 2008)
Pode-se verificar que a utilização da contabilidade dita fiscal é irrelevante para as empresas, tendo em vista que a adoção da mesma é feita apenas para cumprimento de obrigações do fisco (governo). Quais informações podemos obter de uma contabilidade que busca constantemente cumprir apenas regras da legislação tributária?
Na contabilidade moderna podemos dizer que a ciência contábil retornou. Com as Leis 11.638/07 e 11.941/09 foram efetuadas alterações no Art. 177 da Lei 6.404/76, lei esta que normatiza a contabilidade das empresas. Com estas alterações a contabilidade passou a ser vista como realmente é - "Geradora de informações úteis e fidedignas para a tomada de decisões". Passou a obrigar as companhias a elaborar as demonstrações com base na legislação societária e nos Princípios de Contabilidade, mesmo nos casos em que a lei tributária ou legislação especial conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes. Eventuais ajustes necessários devido à legislação tributária deverão ser efetuados em livros auxiliares, como é o caso do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real).
Além dessas alterações, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), juntamente com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, passou a editar normas brasileiras de contabilidade (NBC) em consonância com as normas internacionais de contabilidade, visando modernizar ainda mais a nossa legislação.
Espera-se que, com essa visão, da contabilidade como ciência, o profissional contábil possa ter noção clara da importância da contabilidade para todos os usuários. Não somente o fisco, o qual é um dos usuários, mas não o único. A informação contábil tem muito a oferecer às empresas e como exemplo cito a mensuração do custo dos produtos como forma de estabelecimento de preço mínimo de comercialização; estudo de indicadores econômico-financeiros como forma de subsidiar decisões de financiamento e investimento, política de venda e política de crédito; e também a elaboração de estudos com a finalidade de reduzir a carga tributária de forma lícita (planejamento tributário), entre outros.
As grandes empresas já estão adotando as inovações trazidas pelas Leis 11.638 e 11.941, além das NBCs adequadas às normas internacionais de contabilidade. O CFC passa, agora, a buscar com que todas as pequenas e médias empresas também passem a adotar essa normatização. Essa busca passa pelos seminários para formação de multiplicadores das IFRS, que estão sendo realizados em todas as capitais dos Estados no Brasil.
A importância do bom profissional contábil está cada vez maior. Hoje o profissional de contabilidade completo precisa ter uma visão clara da ciência contábil e das normas tributárias, para que possa cumprir as obrigações necessárias no âmbito fiscal e que não deixe de fornecer as informações contábeis que as empresas precisam para a tomada de decisão.
Que as empresas e os profissionais contábeis não confundam o setor de contabilidade com o setor fiscal e que a busca da melhoria na geração de informações contábeis para todos os usuários seja uma prática permanente.
• Ismael Lemes Vieira Júnior é Administrador de Empresas, inscrito nos respectivos Conselhos Regionais de Administração CRAMT 3591 CRAGO 12773, Consultor Empresarial, Palestrante Motivacional, Pós Graduado pela Fundação Escola do Ministério Público de MT, Pós Graduado em Docência Universitária, Mestrando em Administração e Mestrando em Educação, Professor de Graduação e Pós-Graduação.

O fim do funcionário-engrenagem

chaplin-tempos-modernos
Em tempos de economia superaquecida, nos quais se pensa até em apagão, quando se fala de mão-de-obra especializada, o RH se tornou uma área estratégica para os empreendimentos. Um plano de negócio hoje, por exemplo, tem de olhar não apenas o público consumidor, mas também o mercado de trabalho (a concorrência por profissionais-chaves é muito alta? Os salários estão valorizados? Consigo criar um modelo de negócios atraente aos melhores talentos?).

Lá na fase de plano de negócios, a empresa já deveria elaborar estratégias para reter a equipe, promover inovação e incentivar a sede por novidades entre os integrantes da organização. Ou seja, tem de ir além do cacoete administrativo. Hoje, médios e até os pequenos empreendimentos devem prestar atenção a sua gestão de recursos humanos. Turn over alto, combinado a salários inflacionados, pode significar uma sangria financeira considerável. No entanto, o grande desafio nesses dias é criar criatividade.
É uma equação, na verdade, complexa. A resolução esbarra em maus hábitos, estruturas arcaicas e resistência às mudanças. Em uma empresa com alta rotatividade existe um gap criativo natural. O ciclo até a pessoa atingir capacidade produtiva total inclui treinamento e ambientação, ou seja, tempo. Então em casos de troca constante de funcionários esse pico fica sempre distante. Essa falta de capital intangível pode comprometer a performance e até o próprio negócio.
Reter é muito mais difícil que espantar. Com mais frequência do que acho saudável aos negócios, ouço relatos de como estruturas rígidas podem atuar como verdadeiras infiltrações nos pilares da organização. Conheço o caso de um profissional que após 10 anos em um banco teve de sair da empresa, mesmo tendo ótimas avaliações de seus superiores. O motivo? Uma regra interna da empresa não permitia aumento de salário acima de 15% por vez. Resultado é que colegas mais novos, que executavam a mesma função, por terem sido recrutados no mercado chegavam a ganhar 50% a mais.
Na lista de exemplos absurdos, posso relacionar casos como os de gestores que julgam funcionários pela aparência ou como quem dá palpites em um jogo de futebol, de nepotismo, de promoções à base de chope com os chefes, de demissões preventivas e por aí vai. Entre os maus hábitos, poderia ainda citar imposição de cursos que não têm aderência à função do profissional, enxergar os grupos de funcionários como entidades coletivas e não percebê-los como indivíduos e a segregação hierárquica (gestão absolutista e formada por castas).
Talvez o grande equívoco – ou o mais comum, pelo menos - na gestão de pessoas seja um fator para o qual o palestrante e pesquisador americano Daniel Pink aponta em seu livro Motivação 3.0 (no original em inglês, Drive: The Surprising Truth About What Motivates Us). Para o escritor, a ideia binária de recompensa e punição que norteia grande parte dos modelos de motivação em empresas tem eficiência limitada. É um sistema do século 19 – período no qual o pensamento cartesiano foi predominante.
Esse sistema se torna cada vez mais um anacronismo. Aumento de salário, por exemplo, é, na verdade, uma condição profissional, não fator de motivação. Ou seja, dinheiro premia a produtividade. Não se relaciona necessariamente à criatividade. Em muitos casos, a recompensa financeira serve para equacionar uma defasagem de mercado ou chega como forma de remediar uma situação de assédio por concorrentes. Quando o assunto é bolso, as empresas em geral orientam-se pelos números – perceba a visão cartesiana dominando de novo. Pink lista três atributos que realmente motivam as pessoas – e motivar no sentido de ir além: autonomia, evolução e propósito. As características são inerentes ao ser humano: as pessoas desejam fazer as coisas a seu modo, procuram melhorar sempre quando gostam de uma atividade e buscam sentido para aquilo que fazem.
Para se criar um ambiente altamente produtivo e criativo é necessário evoluir tanto as condições (salários, benefícios, planos de carreira) quanto as motivações (incentivar a iniciativa, empoderar, ajudar as pessoas a se envolverem em temas e atividades que gostam, estimular a convivência da equipe, manter a prata da casa sempre polida, exercitar a transparência). Em resumo, significa, na essência, humanizar a gestão e a estrutura da empresa.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

30 razões que levam uma empresa a fechar as portas


Confira quais são os 30 erros mais comuns das empresas, seja na administração de pessoas, processos ou finanças.

Provavelmente nunca ninguém lhe falou as principais falhas que você micro ou pequeno empresário pode estar cometendo na gestão financeira da sua empresa. Aproveite este artigo, o qual foi sugerido por um aluno e empresário.
“Eu já montei e tive que fechar cinco empresas, depois dessa cruel experiência decidi voltar para a sala de aula”. Este foi o desabafo que um dos alunos do curso de Planejamento e gestão  financeira, fez no primeiro dia de aula. A resistência para sair da rotina de trabalho, originada quase sempre pelo conforto é grande, mas chega uma hora que não tem outra saída. Foi o caso deste empresário, que depois dessa triste experiência, que aconteceu entre os 33 e 58 anos de idade, decidiu buscar conhecimento e se atualizar.
Vejamos as principais falhas que temos percebido na área financeira, tanto em trabalhos de consultoria e assessoria, como em cursos abertos e fechados:
1. Acreditar que basta colocar um software de gestão financeiro para controlar as contas da empresa.
2. Acreditar que somente um funcionário pode tomar conta das finanças, dependendo do tamanho da empresa.
3. Acrescentar às contas da empresa, suas contas particulares e até as contas da família, para o funcionário controlar.
4. Misturar as contas da empresa com as contas particulares, inclusive com cartões de crédito pessoal, transferências de contas (pessoa física/pessoa jurídica), etc.
5. Fazer retiradas avulsas das contas da empresa durante o mês de acordo com sua necessidade particular.
6. Valor do pró-labore crescente e/ou indefinido (variável) todo mês.
7. Não registrar as entradas e saídas de dinheiro com precisão e no instante do fato.
8. Não dispor de um plano de contas gerencial (não tributário) que identifique e agrupe as principais contas da empresa (entradas e saídas no caixa e receita e despesa no demonstrativo de resultados).
9. Exigir do funcionário melhor controle, sem este dispor das condições da segurança e da autonomia para controlar o caixa.
10. Colocar o funcionário do financeiro para fazer outros serviços ou serviço externo.
11. Pegar dinheiro do caixa, sem comunicar o responsável pelo controle.
12. Acreditar que o saldo do caixa no final do mês é o lucro da empresa.
13. Não controlar e fazer inventários periódicos, valorizando o estoque.
14. Não dispor de controles a fim de conhecer com precisão o estoque inicial, estoque final e o custo da mercadoria vendida (ou custo da matéria prima).
15. Gastar o saldo do caixa para pagar contas particulares e outros negócios.
16. Não fazer uma reserva de caixa para despesas eventuais de final e inicio de ano.
17. Acreditar que é difícil (ou impossível) fazer uma previsão de fluxo de caixa.
18. Confundir lucratividade com rentabilidade.
19. Confundir fluxo de caixa com demonstrativo de resultados.
20. Confundir custos fixos com variáveis e vice-versa.
21. Acreditar que acrescentando uma porcentagem “X” aos custos operacionais, é a forma correta de formar o seu preço de venda.
22. Não considerar descontos, devoluções, garantias e as despesas escondidas como: encargos sociais, depreciação, seguros, etc., na apuração de resultados.
23. Confundir contas de caixa com contas de resultados.
24. Confundir regime de caixa com regime de competência.
25. Não calcular e atualizar o capital de giro necessário para a empresa.
26. Não conhecer e nem calcular o seu ponto de equilíbrio para controle, tomada de decisões e criação de estratégias sazonais.
27. Não saber com precisão qual o lucro (ou prejuízo) da empresa.
28. Acreditar que são os funcionários que precisam da empresa (emprego).
29. Contratar mais parentes baseado somente pela confiança e/ou por pena.
30. Prescindir das novas tecnologias da informação.
Como conseqüência dessas inconformidades, a empresa estagna, não consegue mais crescer e logo em seguida passa a pagar seus compromissos com atraso. Depois passa a depender de empréstimos bancários e por último passa a demitir funcionários para diminuir a folha de pagamentos. Com isso cai a produtividade e a qualidade dos serviços.
Daí os clientes começam a migrar para os concorrentes mais atualizados e agressivos, terminando com o fechamento do negócio. Essa é a triste história deste aluno e de milhares de empreendedores e pequenos empresários do Brasil e do planeta inteiro.  O negócio era bom em quanto era pequeno – dava para administrar e ganhar dinheiro.
Agora, as condições externas e internas estão muito diferentes, os clientes estão cada vez mais exigentes, existem muito mais opções no mercado para atender as mesmas necessidades. Depois que a empresa começa a crescer, a situação fica mais difícil de administrar.
Se pelo menos cinco destas situações estiverem acontecendo com você (ou com seu amigo), sua situação é delicada e muito perigosa. A tendência é piorar cada vez mais.
Federico Amory (Consultor da Eficaz consultoria de gestão, especialista em reestruturação organizacional e empresas familiares. http://www.empresa-eficaz.com.br - ee@empresa-eficaz.com.br ).

Cadastro Positivo: o que é e como funciona



Cadastro Positivo: o que é e como funcionaNos últimos dias, foi largamente noticiado que a Câmara e o Senado aprovaram a criação do cadastro positivo, no intuito de disponibilizar um banco de dados com bons pagadores para instituições privadas. Apesar de ainda faltar a sanção da presidente Dilma e só então começar a valer, já é de conhecimento geral o funcionamento desse cadastro e também os benefícios (e críticas) quanto a ele.
No entanto, apesar do cadastro positivo, à primeira vista, parecer ser um aliado do consumidor, já há algumas entidades (como o Procon, por exemplo) que vêm pontos negativos. O principal temor é quanto ao uso indevido das informações sobre o consumidor.
O intuito deste artigo, portanto, é explicar o que é o cadastro positivo, como ele deve funcionar e quais as principais vantagens e desvantagens que devem ser analisadas antes de autorizar a inclusão dos seus dados nesse banco de dados.

O que é o cadastro positivo?

O cadastro positivo é uma lista de bons pagadores, através do registro da pontualidade no pagamento de suas contas (crediários, financiamentos e mensalidades de serviços como água, luz e telefone), com o propósito de criar um banco de dados que ficará à disposição de instituições privadas.
O cadastro dos bons pagadores poderá servir de base para transações comerciais, como vendas a prazo e concessões de crédito. Em tese, a medida ajudará a diminuir o custo da concessão de crédito e oferecer juros mais baixos para o consumidor.

Como deve funcionar

Encontrei um ótimo passo-a-passo no G1 que explica de forma bem simples o funcionamento do cadastro positivo. De uma maneira geral, o cadastro deverá ser:
1.     Os bancos de dados terão registradas as informações sobre o histórico de pagamentos do consumidor (pessoa física ou jurídica).
2.     Se ele deixar de pagar uma conta por um mês, por exemplo, não sairá do cadastro positivo, mas terá essa informação registrada em seu histórico.
3.     Para a abertura do cadastro positivo, o consumidor terá de dar autorização por meio de um documento específico ou de uma cláusula à parte em um contrato de financiamento ou compra a prazo, por exemplo.
4.     As informações incluídas no cadastro devem ser objetivas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão, “necessárias para avaliar a situação econômica do cadastrado”.
5.     O compartilhamento de informações entre os bancos de dados só será permitido se for autorizado pelo cadastrado em documento específico ou cláusula à parte de um contrato de compra.
6.     Se quiser, o cadastrado incluído na lista poderá cancelar seu cadastro.
7.     Os gestores dos bancos de dados serão obrigados a fornecer ao cadastrado todas as informações que houver no cadastro.
8.     O cadastrado terá direito de saber quais os bancos de dados que compartilharam seus arquivos e quem consultou as informações.
9.     O prazo de permanência das informações nos bancos de dados é de 15 anos.
10.  O texto proíbe a anotação de informação considerada excessiva, que não tenha relação com a análise de risco de crédito ao consumidor. Não é permitido que haja no cadastro informações sobre origem étnica, sexual, sobre saúde ou convicções políticas e religiosas.

Vantagens

De acordo com o site do Serasa Experian, esses são alguns benefícios para o consumidor:
§ Suas compras a crédito podem ficar mais fáceis, mesmo que você não tenha conta em banco ou comprovante de renda, pois lojas e prestadores de serviços podem analisar suas contas pagas anteriormente e oferecer condições comerciais de acordo com o seu perfil.
§ As condições comerciais (taxas de juros, quantidade de parcelas, etc.) poderão ser definidas de acordo com seu histórico de crédito.
§ Você poderá ser avaliado de maneira mais justa e completa, considerando pagamentos realizados e não só as dívidas não pagas.
§ Seus financiamentos e empréstimos poderão ser aprovados com mais facilidade e menos burocracia.
§ Conhecendo sua pontuação de crédito, você pode negociar melhores condições de pagamento.

Desvantagens

Já de acordo com o Procon-SP, há também pontos negativos a serem ressaltados:
1.     O cadastro positivo não traz benefícios ao consumidor no curto prazo.
2.     Possibilidade de uso indevido dos dados do consumidor.
3.     Mercado condicionar a liberação de crédito à inclusão no cadastro positivo, prejudicando bons pagadores que não queiram ser incluídos na base de dados.

Conclusões

Como afirmei no começo do texto, à primeira vista parece algo bem interessante, que pode trazer vantagens para o consumidor no longo prazo. Entretanto as críticas do Procon são bem pertinentes e corremos o risco de ser criado um novo tipo de consumidor: aquele que não está nem no cadastro positivo, nem no negativo. Independente do motivo, esse não terá nenhuma vantagem. E talvez isso seja um problema, já que atualmente todos que não estão no cadastro negativo não sofrem restrições.
Fiquemos atentos e vamos acompanhar de perto o andamento desse processo. Enquanto isso, deixe um comentário e compartilhe conosco a sua opinião!