Posted: 12 Jun 2012 02:36 AM PDT
Por Gustavo
Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial.
Caro leitor, de fato o deblaquê
europeu assusta, e não é à toa. Como se não bastasse o problema em si, agora
recheado de conturbações políticas de arrepiar, seu contágio em ondas
crescentes começam a atingir as terras emergentes. Mas entre disputas
ideológicas contraproducentes, mortos, feridos e crises bancárias de liquidez
na planície e no horizonte, eis que surge uma luz vinda de terras tão discretas
quanto familiares.
Sim, refiro-me aos nossos
antigos colonizadores, Portugal. Espremidos entre o oceano e a altiva Espanha
das touradas e dos bancos em dificuldade, foram atingidos em cheio pelo
vendaval que percorre não somente sua península, mas praticamente todo o
continente.
Entretanto, desde então, sem
maluquices políticas radicais, sem demonstrações de incivilidade urbana e em
silêncio, lançaram-se a praticar o bom, velho e desafiador dever de casa.
Com
isso, os primeiros resultados não tardaram a aparecer. Talvez a principal
conquista seja a de terem se descolado do noticiário conflagrado da crise
continental, onde radicalismos afloram, tapas são distribuídos nos ambientes
parlamentares e um processo constante de responsabilização inconsequente não
para de crescer.
Em meio a essa confusão, os
nossos patrícios simplesmente resolveram meter a mão na massa. No lugar de
longas discussões e fuga dos fatos, decidiram trabalhar. Segundo a France
Presse, Portugal anunciou recentemente a superação dos parâmetros analisados
trimestralmente pela troika, que por sua vez recomendou a liberação de um novo
aporte de € 4 bilhões, com base no resgate financeiro obtido.
Rigorosamente em linha com os
critérios estipulados pelas três instituições que supervisionam a assistência
financeira ao País, a Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu, a
terra de Camões segue superando expectativas a trazendo alívio aos credores e
aos observadores do seu programa de recuperação.
Neste quesito, avança tanto na
seara quantitativa, quanto no campo estrutural, com reformas econômicas,
institucionais e trabalhistas. Ao que parece, o ministro português das
finanças, Vítor Gaspar, compõe um grupo político que vislumbra um futuro
no médio prazo, pautado por fértil ambiente para ao empreendedorismo e estímulo
à geração de riqueza.
Destas terras não se escutam
arroubos nacionalistas ou trombetas triunfalistas. O que se vê é o silêncio da
responsabilidade assumida. Um excelente exemplo, numa fase tão escassa de bons
exemplos e que, como sabemos tão bem, não serve apenas para os seus colegas
europeus.
Bem, recomendo colocarmos a carapuça o quanto antes. O futuro agradece.
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