terça-feira, 11 de outubro de 2011

Faltam contadores para atender o mercado

Atualmente há no País cerca de 500 mil profissionais inscritos no conselho da categoria; segundo especialista, se o número fosse 50% maior ainda assim todos estariam empregados
Profissionais de contabilidade estão entre os mais disputados do mercado brasileiro. Mas não é só no Brasil. A demanda por estes profissionais é tão grande que vários países, entre eles a Austrália, Espanha, Estados Unidos e a Coréia do Sul, estão importando profissionais para trabalharem em suas empresas. ''Só a Austrália abriu duas mil vagas para profissionais da contabilidade de fora do país'', diz o professor e doutor em contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) José Carlos Marion.

Hoje no Brasil existem cerca de mil cursos de contabilidade. Apenas administração tem mais cursos no País. E ainda há mercado para muitos mais. Segundo Marion, que esteve na quarta-feira proferindo uma palestra durante a Semana de Estudos Contábeis promovida pela Universidade Estadual Norte do Paraná, com o apoio do Sescap-Ldr, há no Brasil 500 mil contadores inscritos no Conselho Federal de Contabilidade. Mas, conforme Marion, se este número fosse 50% maior, ainda assim todos estariam empregados. ''É um dos cursos universitários com maior empregabilidade do mercado. É raríssimo encontrar um contador desempregado'', comenta Marion.

A valorização do profissional de contabilidade aumentou significativamente apartir do crescimento do mercado e do aparecimento de novas tecnologias queexigem um profissional cada vez mais qualificado para a função. ''Há um bom tempo o contador deixou de ser o ''guarda-livros''. Hoje ele é um consultor empresarial e dos mais requisitados. E o motivo é evidente. É o contador que dispõe de todos os números da empresa. Portanto, na hora de ampliar o negócio, redirecionar o posicionamento da empresa, decidir se é o momento de abrir filiais ou não, o empresário é assessorado pelo contador'', explica o presidente do Sindicato das Empresas de Consultoria, Assessoria, Perícias e Contabilidade de Londrina - Sescap-Ldr, Marcelo Odetto Esquiante.

O professor José Carlos Marion dá outros números que reforçam esta procura por profissionais da contabilidade. Segundo ele, duas disciplinas são as que mais reprovam candidatos em concursos públicos: língua portuguesa e contabilidade. Ou seja, o contador leva certa vantagem sobre os demais concorrentes nestes concursos.

''O profissional de contabilidade não trabalha apenas a organização dos números da empresa. Até recentemente, todas as empresas com faturamento superior a R$ 300 milhões/ano, eram obrigadas a realizar auditorias internas e externas. Com o crescimento econômico, já são mais de dez mil empresas com esse faturamento no Brasil. E este trabalho é executado por contadores'', explica Marion.

Outro fator que está mudando este mercado é a implantação do Padrão Internacional de Contabilidade por vários países. O objetivo é harmonizar as regras para que todas as empresas apresentem números claros em seus balanços sendo entendidos independentemente do país de origem.

Os países da União Européia deram início a implantação das normas internacionais em 2003 e os Estados Unidos prevêem que até 2014 também estarão adequados às normas. No Brasil todas as empresas de capital aberto já são obrigadas a seguir as novas regras. No setor público as normas devem ser implantadas até o final do próximo ano. ''É um novo mercado. É a globalização da contabilidade e dos profissionais da contabilidade'', comenta o presidente do Sescap-Ldr, Marcelo Esquiante.

Fonte: Sindicato das Empresas de Consultoria, Assessoria, Perícias e Contabilidade de Londrina - Sescap-Ldr

Estratégias de sucesso

Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo

A inovação não cabe numa caixa. Além de desenvolver produtos inovadores, empresas de todos os portes planejam novos serviços, montam estratégias para envolver os funcionários em um fluxo constante de produção e criam processos inéditos para a distribuição de mercadorias. De acordo com especialistas, é preciso ouvir clientes e fornecedores para fazer da busca pelo novo uma tarefa diária. E, nessa empreitada, algumas companhias já destinam até 50% do faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento.
"A inovação é um fator fundamental para que as organizações aumentem a competitividade", afirma Luiz Barretto, presidente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Nacional). "E quando falamos em inovação, não é só investir em tecnologia, mas em métodos e processos."

Em São José dos Campos (SP), a Altave buscou diferenciação ao criar um novo produto para o mercado de telecomunicações. A novidade é um balão, de hidrogênio ou hélio, que pode levar sinal de celular para áreas rurais remotas, grandes eventos ou regiões atingidas por desastres naturais.
"Já temos um cliente no Nordeste e estamos em negociação com companhias de São Paulo e do Rio de Janeiro", diz o engenheiro aeronáutico Leonardo Nogueira, sócio da empresa fundada no início do ano. "Há interessados também na Guiana Francesa e nos Estados Unidos."
Com sete funcionários e estimativa de investir até 50% do faturamento do primeiro ano de atividades em pesquisas, a receita da Altave para inovar é criar soluções simples que possam resolver problemas tanto no Brasil quanto no exterior.
"O balão é uma alternativa flexível porque suporta diferentes equipamentos eletrônicos, pode ser usado em vários cenários e é de rápida instalação."
Segundo Nogueira, entre os fatores fundamentais para a entrada da inovação na empresa foi o local escolhido para a sede. Além de conhecido polo aeroespacial, a cidade de São José dos Campos abriga o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de onde vem a maioria dos funcionários, inclusive os sócios da companhia.
"Todos aqui podem propor novas maneiras de fazer, vender ou operar", afirma. "Já iniciamos estudos para criar outra solução que poderá substituir os satélites em algumas aplicações", Leonardo Nogueira.
Para Guilherme Ary Plonski, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), as empresas podem abraçar a inovação independentemente do porte de seus negócios. "Mas é preciso capacitar os colaboradores em gestão da inovação e criar times especiais", diz.
Na Editora Moderna, de títulos didáticos e de literatura, todos os 600 funcionários são motivados a manter a "cultura inovadora" em suas rotinas. "A partir de 2007, sistematizamos a busca pela inovação como parte do trabalho diário", afirma o diretor de marketing Miguel Thompson. "Com ajuda de uma consultoria, um grupo multidisciplinar de gestores foi organizado para registrar as primeiras ideias."
Em 2009, a empresa criou um prêmio para reconhecer funcionários com sugestões inovadoras em produtos, serviços e processos. Na primeira edição do concurso, quatro dos 21 projetos apresentados foram premiados e um deles estimulou o desenvolvimento de uma nova coleção de livros didáticos, lançada em 2010. Com recursos digitais, a série Moderna Plus cobre desde a educação infantil até o ensino médio.
No ano passado, a competição da editora recebeu mais de 30 projetos, de 80 colaboradores. 20% dos trabalhos apresentados até hoje já foram aproveitados. "Para inovar, a empresa deve abrir espaço para que as ideias partam de todos os funcionários, sem distinção de cargo", ensina Thompson. "Os projetos não devem contar com intermediários ou passar pelo crivo dos chefes. O objetivo é compartilhar", observa ele.
Segundo Bruno Rondani, diretor do Centro de Open Innovation Brasil (Coi-Br), associação criada para disseminar conhecimentos sobre inovação, a prática não pode depender de uma ou duas pessoas geniais nas organizações, destinados a produzir diretrizes para o futuro da empresa. "A inovação é um processo interativo e aberto. Os projetos surgem de qualquer lugar e as competências, infraestrutura e o conhecimento para desenvolvê-los também podem estar fora da companhia", afirma.
Para o especialista, as empresas podem conseguir uma maior colaboração dos funcionários dando evidências de que a inovação é uma prioridade da direção. "Não adianta implantar programas de inovação se a companhia pressiona o quadro para a entrega de resultados a curto prazo", avisa.
"O que importa não é o tamanho do negócio, mas a importância que se dá à inovação como fonte relevante de desempenho, competitividade e receitas futuras", avalia Bruno Rondani.


10 erros que as empresas jovens cometem

ShutterstockQuando um negócio recém-criado começa finalmente a deslanchar, a ideia de que ele já deu certo é uma conclusão bastante atraente e confortável. Mas é um erro. Apenas mais um dos vários erros que os líderes de negócios nascentes e em ascensão costumam cometer.
Tanto a criação de uma empresa quanto os primeiros momentos rumo ao seu sucesso exigem uma série de cuidados e, mais do que isso, uma tranquila e despretensiosa humildade, o que inclui desde compartilhar as decisões com as pessoas ao seu redor até a simples atitude de admitir um erro.

O consultor especializado em startups Martin Zwilling, colunista do site da revista Forbes, preparou para a publicação um guia com os 10 erros mais comuns que nota entre as centenas de jovens empresas que já assessorou. Veja as dicas dele:
1. Esperar que a companhia cresça antes de formalizá-la. A dica foi dada em uma publicação norte-americana, o que mostra que não é só no Brasil que a formalização é um problema entre negócios iniciantes. E, mais do que isso, uma solução que deve ser garantida também. Nos Estados Unidos, ressalta Zwilling, o principal entrave está no embaralho legal e financeiro entre decidir se o registro, de início, deve ser feito como uma sociedade anônima ou uma companhia limitada. No Brasil, passa pela burocracia e a carga tributária que vêm junto com a regularização. Ainda assim, as indicações são as mesmas: a regularização é o primeiro passo a mostrar a todos que você é sério. O processo de formalização também força o empresário a registrar um nome para o empreendimento, e lhe garante uma série de seguranças legais, como a de propriedade intelectual.
2. Confiar em acordos informais. É mais ou menos o que os dois colegas de faculdade Mark Zuckeberg e Eduardo Saverin fizeram quando, ainda estudantes de Harvard, lançaram o Facebook: deixar para depois a parte de contratos formais. O resultado – um longo processo de Saverin contra Zuckeberg, exigindo mais tarde sua participação nos ganhos da companhia –, é mais comum do que se imagina. Esse problema pode e deve ser evitado com a formalização dos contratos e a definição da participação de cada sócio logo no início da empresa.
3. Contratar rapidamente, demitir devagar. Um erro comum entre as jovens companhias de crescimento rápido é sair desesperada e estabanadamente atrás de novos funcionários. Isso, no entanto, não raramente desemboca em outro problema comum: a baixa produtividade desse funcionário, e a dificuldade em mandá-lo embora depois. Para evitar isso, em primeiro lugar, é necessário contratar bem: a lição de casa passa por uma descrição clara do que a vaga exige e uma boa pesquisa acerca dos candidatos antes de pular direto para as entrevistas.  Se isso não for bem-feito, a probabilidade de o novo funcionário não ser exatamente o que a empresa precisa e, assim, ter um baixo rendimento é grande; o que implica custos mais altos para mantê-lo.
4. Contratar pessoas que gostam de você. Ser bajulado é bem legal, mas não necessariamente paga as contas. Alguns executivos têm essa ideia de misturar negócios com diversão e levar relacionamentos pessoais para dentro do escritório. Mas vale ter como regra antes escolher os seus empregados antes por critérios profissionais do que por amizade.
5. Subestimar as necessidades financeiras. Refaça mais de uma vez as contas de quanto dinheiro será necessário para fundar e dar os primeiros passos de seu negócio.  Você pode ficar surpreso, depois, com a quantidade de detalhes que esqueceu e com a rapidez com que o dinheiro escorre. Um fluxo de caixa defasado é um erro grande, e que pode não ser recuperável. Em caso como esses, em que o cobertor fica mais curto do que o frio que se calculou, há sempre a possibilidade de pegar empréstimos para cobrir o rombo, mas eles muito provavelmente serão caros também. O melhor mesmo é planejar de forma a não precisar deles.
6. Deixar que os contadores cuidem dos gastos. Diversos empresários julgam que a prioridade, no início de um negócio, é zelar pelos produtos e pelos clientes. Na verdade, a tarefa mais importante é ter todos os gastos na ponta do lápis e reduzi-los ao máximo até que o negócio tenha de fato deslanchado. Não delegue essa tarefa a ninguém. O trunfo é fazer um orçamento apertado e conseguir ainda gastar menos do que ele prevê. O resultado de um orçamento estourado não afeta apenas o crescimento da empresa, mas também a credibilidade com fornecedores, clientes e possíveis investidores.
7. Tomar as decisões sozinho. Ao mesmo tempo em que é importante ter o controle de tudo o que está acontecendo, é necessário também saber dosar a centralização. Deixar a cargo de si mesmo todas as decisões é um grande e recorrente erro. Para uma empresa crescer, a equipe se verá obrigada a crescer também, e, com isso, as decisões deverão naturalmente se pulverizar. Um empreendimento inteligente contrata tomadores de decisão, e não meros funcionários. É bom ter, inclusive, uma pessoa com afinidade, mas também com contrapontos a suas ideias, desde a concepção do projeto, com quem possa compartilhá-lo. Resista à tentação de fazer as coisas sozinho e apenas ao seu modo.
8. Definir uma estratégia congelada. Admita que o seu plano inicial pode dar errado. A maioria das startups acaba, alguma hora, tendo que refinar e rever suas estratégias de mercado em vários momentos. Então esteja alerta e seja flexível – inclusive porque há uma série de fatores externos que podem surgir sem licença; seja uma recessão econômica, um novo competidor ou uma mudança súbita de mercado. Uma sugestão é agendar reuniões mensais para rediscutir frequentemente o plano de estratégia. E não deixe também de manter a equipe informada sobre as mudanças, já que a falta disso pode parecer desorganização e falta de metas.
9. Deixar que as crises diárias tirem-no do negócio central. Saber distinguir as tarefas mais importantes e se concentrar nelas exige prática e esforço. Por “mais importante”, entenda: acompanhar o mercado, o atendimento aos clientes, a contenção de custos e a batalha com os competidores. É importante saber também os momentos de delegar tarefas, dialogar com a equipe e mesmo de descansar. Se você se deixar levar pelos pequenos problemas diários, perderá as prioridades do foco. Trabalhar individualmente e centralizar todas as tarefas é uma boa medida naquela fase bem inicial, em que o projeto ainda está sendo criado e erguido, e em que o fundador inevitavelmente se torna sua principal peça. Mas essa centralização deve evoluir aos poucos para uma forma mais coletiva de se pensar
10. Ignorar os erros. O maior erro dos donos de jovens negócios é deixar de aprender com os erros – os dos outros e os próprios. As pessoas mais sábias admitem logo que erraram e mudam imediatamente o foco de culpar a situação para aprender com ela.  A verdade é que o erro é uma parte inevitável de qualquer negócio de sucesso.  Frente a isso, a melhor coisa a fazer é torná-los aliados e aprender com eles. O único equívoco imperdoável é repetir os mesmos erros. A grande conclusão, por fim, é que tentar e não dar certo é melhor do que não tentar. E, para que um negócio cresça e tenha sucesso, não tentar não é uma opção.