terça-feira, 11 de outubro de 2011

Estratégias de sucesso

Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo

A inovação não cabe numa caixa. Além de desenvolver produtos inovadores, empresas de todos os portes planejam novos serviços, montam estratégias para envolver os funcionários em um fluxo constante de produção e criam processos inéditos para a distribuição de mercadorias. De acordo com especialistas, é preciso ouvir clientes e fornecedores para fazer da busca pelo novo uma tarefa diária. E, nessa empreitada, algumas companhias já destinam até 50% do faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento.
"A inovação é um fator fundamental para que as organizações aumentem a competitividade", afirma Luiz Barretto, presidente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Nacional). "E quando falamos em inovação, não é só investir em tecnologia, mas em métodos e processos."

Em São José dos Campos (SP), a Altave buscou diferenciação ao criar um novo produto para o mercado de telecomunicações. A novidade é um balão, de hidrogênio ou hélio, que pode levar sinal de celular para áreas rurais remotas, grandes eventos ou regiões atingidas por desastres naturais.
"Já temos um cliente no Nordeste e estamos em negociação com companhias de São Paulo e do Rio de Janeiro", diz o engenheiro aeronáutico Leonardo Nogueira, sócio da empresa fundada no início do ano. "Há interessados também na Guiana Francesa e nos Estados Unidos."
Com sete funcionários e estimativa de investir até 50% do faturamento do primeiro ano de atividades em pesquisas, a receita da Altave para inovar é criar soluções simples que possam resolver problemas tanto no Brasil quanto no exterior.
"O balão é uma alternativa flexível porque suporta diferentes equipamentos eletrônicos, pode ser usado em vários cenários e é de rápida instalação."
Segundo Nogueira, entre os fatores fundamentais para a entrada da inovação na empresa foi o local escolhido para a sede. Além de conhecido polo aeroespacial, a cidade de São José dos Campos abriga o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de onde vem a maioria dos funcionários, inclusive os sócios da companhia.
"Todos aqui podem propor novas maneiras de fazer, vender ou operar", afirma. "Já iniciamos estudos para criar outra solução que poderá substituir os satélites em algumas aplicações", Leonardo Nogueira.
Para Guilherme Ary Plonski, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), as empresas podem abraçar a inovação independentemente do porte de seus negócios. "Mas é preciso capacitar os colaboradores em gestão da inovação e criar times especiais", diz.
Na Editora Moderna, de títulos didáticos e de literatura, todos os 600 funcionários são motivados a manter a "cultura inovadora" em suas rotinas. "A partir de 2007, sistematizamos a busca pela inovação como parte do trabalho diário", afirma o diretor de marketing Miguel Thompson. "Com ajuda de uma consultoria, um grupo multidisciplinar de gestores foi organizado para registrar as primeiras ideias."
Em 2009, a empresa criou um prêmio para reconhecer funcionários com sugestões inovadoras em produtos, serviços e processos. Na primeira edição do concurso, quatro dos 21 projetos apresentados foram premiados e um deles estimulou o desenvolvimento de uma nova coleção de livros didáticos, lançada em 2010. Com recursos digitais, a série Moderna Plus cobre desde a educação infantil até o ensino médio.
No ano passado, a competição da editora recebeu mais de 30 projetos, de 80 colaboradores. 20% dos trabalhos apresentados até hoje já foram aproveitados. "Para inovar, a empresa deve abrir espaço para que as ideias partam de todos os funcionários, sem distinção de cargo", ensina Thompson. "Os projetos não devem contar com intermediários ou passar pelo crivo dos chefes. O objetivo é compartilhar", observa ele.
Segundo Bruno Rondani, diretor do Centro de Open Innovation Brasil (Coi-Br), associação criada para disseminar conhecimentos sobre inovação, a prática não pode depender de uma ou duas pessoas geniais nas organizações, destinados a produzir diretrizes para o futuro da empresa. "A inovação é um processo interativo e aberto. Os projetos surgem de qualquer lugar e as competências, infraestrutura e o conhecimento para desenvolvê-los também podem estar fora da companhia", afirma.
Para o especialista, as empresas podem conseguir uma maior colaboração dos funcionários dando evidências de que a inovação é uma prioridade da direção. "Não adianta implantar programas de inovação se a companhia pressiona o quadro para a entrega de resultados a curto prazo", avisa.
"O que importa não é o tamanho do negócio, mas a importância que se dá à inovação como fonte relevante de desempenho, competitividade e receitas futuras", avalia Bruno Rondani.


10 erros que as empresas jovens cometem

ShutterstockQuando um negócio recém-criado começa finalmente a deslanchar, a ideia de que ele já deu certo é uma conclusão bastante atraente e confortável. Mas é um erro. Apenas mais um dos vários erros que os líderes de negócios nascentes e em ascensão costumam cometer.
Tanto a criação de uma empresa quanto os primeiros momentos rumo ao seu sucesso exigem uma série de cuidados e, mais do que isso, uma tranquila e despretensiosa humildade, o que inclui desde compartilhar as decisões com as pessoas ao seu redor até a simples atitude de admitir um erro.

O consultor especializado em startups Martin Zwilling, colunista do site da revista Forbes, preparou para a publicação um guia com os 10 erros mais comuns que nota entre as centenas de jovens empresas que já assessorou. Veja as dicas dele:
1. Esperar que a companhia cresça antes de formalizá-la. A dica foi dada em uma publicação norte-americana, o que mostra que não é só no Brasil que a formalização é um problema entre negócios iniciantes. E, mais do que isso, uma solução que deve ser garantida também. Nos Estados Unidos, ressalta Zwilling, o principal entrave está no embaralho legal e financeiro entre decidir se o registro, de início, deve ser feito como uma sociedade anônima ou uma companhia limitada. No Brasil, passa pela burocracia e a carga tributária que vêm junto com a regularização. Ainda assim, as indicações são as mesmas: a regularização é o primeiro passo a mostrar a todos que você é sério. O processo de formalização também força o empresário a registrar um nome para o empreendimento, e lhe garante uma série de seguranças legais, como a de propriedade intelectual.
2. Confiar em acordos informais. É mais ou menos o que os dois colegas de faculdade Mark Zuckeberg e Eduardo Saverin fizeram quando, ainda estudantes de Harvard, lançaram o Facebook: deixar para depois a parte de contratos formais. O resultado – um longo processo de Saverin contra Zuckeberg, exigindo mais tarde sua participação nos ganhos da companhia –, é mais comum do que se imagina. Esse problema pode e deve ser evitado com a formalização dos contratos e a definição da participação de cada sócio logo no início da empresa.
3. Contratar rapidamente, demitir devagar. Um erro comum entre as jovens companhias de crescimento rápido é sair desesperada e estabanadamente atrás de novos funcionários. Isso, no entanto, não raramente desemboca em outro problema comum: a baixa produtividade desse funcionário, e a dificuldade em mandá-lo embora depois. Para evitar isso, em primeiro lugar, é necessário contratar bem: a lição de casa passa por uma descrição clara do que a vaga exige e uma boa pesquisa acerca dos candidatos antes de pular direto para as entrevistas.  Se isso não for bem-feito, a probabilidade de o novo funcionário não ser exatamente o que a empresa precisa e, assim, ter um baixo rendimento é grande; o que implica custos mais altos para mantê-lo.
4. Contratar pessoas que gostam de você. Ser bajulado é bem legal, mas não necessariamente paga as contas. Alguns executivos têm essa ideia de misturar negócios com diversão e levar relacionamentos pessoais para dentro do escritório. Mas vale ter como regra antes escolher os seus empregados antes por critérios profissionais do que por amizade.
5. Subestimar as necessidades financeiras. Refaça mais de uma vez as contas de quanto dinheiro será necessário para fundar e dar os primeiros passos de seu negócio.  Você pode ficar surpreso, depois, com a quantidade de detalhes que esqueceu e com a rapidez com que o dinheiro escorre. Um fluxo de caixa defasado é um erro grande, e que pode não ser recuperável. Em caso como esses, em que o cobertor fica mais curto do que o frio que se calculou, há sempre a possibilidade de pegar empréstimos para cobrir o rombo, mas eles muito provavelmente serão caros também. O melhor mesmo é planejar de forma a não precisar deles.
6. Deixar que os contadores cuidem dos gastos. Diversos empresários julgam que a prioridade, no início de um negócio, é zelar pelos produtos e pelos clientes. Na verdade, a tarefa mais importante é ter todos os gastos na ponta do lápis e reduzi-los ao máximo até que o negócio tenha de fato deslanchado. Não delegue essa tarefa a ninguém. O trunfo é fazer um orçamento apertado e conseguir ainda gastar menos do que ele prevê. O resultado de um orçamento estourado não afeta apenas o crescimento da empresa, mas também a credibilidade com fornecedores, clientes e possíveis investidores.
7. Tomar as decisões sozinho. Ao mesmo tempo em que é importante ter o controle de tudo o que está acontecendo, é necessário também saber dosar a centralização. Deixar a cargo de si mesmo todas as decisões é um grande e recorrente erro. Para uma empresa crescer, a equipe se verá obrigada a crescer também, e, com isso, as decisões deverão naturalmente se pulverizar. Um empreendimento inteligente contrata tomadores de decisão, e não meros funcionários. É bom ter, inclusive, uma pessoa com afinidade, mas também com contrapontos a suas ideias, desde a concepção do projeto, com quem possa compartilhá-lo. Resista à tentação de fazer as coisas sozinho e apenas ao seu modo.
8. Definir uma estratégia congelada. Admita que o seu plano inicial pode dar errado. A maioria das startups acaba, alguma hora, tendo que refinar e rever suas estratégias de mercado em vários momentos. Então esteja alerta e seja flexível – inclusive porque há uma série de fatores externos que podem surgir sem licença; seja uma recessão econômica, um novo competidor ou uma mudança súbita de mercado. Uma sugestão é agendar reuniões mensais para rediscutir frequentemente o plano de estratégia. E não deixe também de manter a equipe informada sobre as mudanças, já que a falta disso pode parecer desorganização e falta de metas.
9. Deixar que as crises diárias tirem-no do negócio central. Saber distinguir as tarefas mais importantes e se concentrar nelas exige prática e esforço. Por “mais importante”, entenda: acompanhar o mercado, o atendimento aos clientes, a contenção de custos e a batalha com os competidores. É importante saber também os momentos de delegar tarefas, dialogar com a equipe e mesmo de descansar. Se você se deixar levar pelos pequenos problemas diários, perderá as prioridades do foco. Trabalhar individualmente e centralizar todas as tarefas é uma boa medida naquela fase bem inicial, em que o projeto ainda está sendo criado e erguido, e em que o fundador inevitavelmente se torna sua principal peça. Mas essa centralização deve evoluir aos poucos para uma forma mais coletiva de se pensar
10. Ignorar os erros. O maior erro dos donos de jovens negócios é deixar de aprender com os erros – os dos outros e os próprios. As pessoas mais sábias admitem logo que erraram e mudam imediatamente o foco de culpar a situação para aprender com ela.  A verdade é que o erro é uma parte inevitável de qualquer negócio de sucesso.  Frente a isso, a melhor coisa a fazer é torná-los aliados e aprender com eles. O único equívoco imperdoável é repetir os mesmos erros. A grande conclusão, por fim, é que tentar e não dar certo é melhor do que não tentar. E, para que um negócio cresça e tenha sucesso, não tentar não é uma opção.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Orçamento – Como calcular o custo médio mensal de seu carro – Parte 2/2


Orçamento – Como calcular o custo médio mensal de seu carro – Parte 2/2No artigo anterior, “Orçamento – Como calcular o custo médio mensal de seu carro – Parte 1/2", foi apresentado um método de cálculo dos gastos relativos a possuir um carro com o auxílio de uma planilha em Excel, disponibilizada para download gratuitamente. Se você ainda não tem o arquivo, clique aqui para realizar o download.
A partir de tal conhecimento, avançaremos na questão incorporando o custo médio mensal, calculado com auxílio da planilha, em uma análise de fluxo de caixa. Esse ferramental nos permitirá extrair conclusões muito importantes para as suas finanças pessoais.
Para uma melhor compreensão de como inserir o custo médio mensal de um carro em um fluxo de caixa de forma a planejar o orçamento doméstico, elaborei um vídeo que esclarece exatamente essa questão. Assista-o logo abaixo, e em seguida lançarei algumas questões para que você reflita sobre o assunto.
Utilizando-se do fluxo de caixa planejado para analisar as despesas relativas a possuir um carro, como exposto no vídeo, nota-se que é possível se prevenir contra alguns gastos significativos e que acabam por endividar boa parte da população que anda sobre quatro rodas.
Gostaria de destacar que os custos de se ter um carro ainda podem ser maiores se considerarmos outros dois fatores: depreciação e custo de oportunidade. Apesar de ambos não influenciarem diretamente o fluxo de caixa, também devem ser encarados como um custo.
A depreciação diz respeito ao valor do carro, que diminui ao longo do tempo, causando uma perda em seu patrimônio. Já o custo de oportunidade significa que o dinheiro da compra (à vista ou parcelada) poderia ser investido e você está deixando de ganhar juros com isso.
Outra questão pertinente quando se compara as situações de ter ou não um carro é considerar na análise alguns custos relativos à opção de não ter o carro. Dependendo da situação de cada pessoa, não ter um carro significa:
§ Despesas com ônibus, trem, metrô, taxi etc;
§ Diminuição da agilidade de locomoção, implicando em desperdício de tempo (e isso também é um custo);
§ Diminuição no bem estar, que poderá ser transformado em valor monetário à medida que se pense: “quanto estou disposto(a) a pagar pela conveniência de ter um carro?”.
O que estou querendo dizer é que não ter um carro não significa que seus custos serão zero com transporte. Existem os custos que impactam diretamente o fluxo de caixa (ônibus, metrô etc.) e aqueles relativos a cada pessoa (desperdício de tempo, diminuição do bem estar etc.).
Para concluir, lanço algumas questões para que você reflita e aprimore sua percepção financeira:
1.    No momento de tomar a decisão entre comprar ou não um carro (ou decidir qual modelo escolher), as despesas médias mensais influenciavam na sua escolha? Depois de ler esse artigo, essa questão passará a influenciá-lo?
2.    Tente lembrar quantas pessoas você já conheceu, ao longo de sua vida, que fizeram um sacrifício imenso para ter o primeiro carro, ganharam os parabéns de toda a família pela “nova conquista”, mas geralmente ficaram com o carro parado na garagem por falta de dinheiro para colocar combustível, além do receio em sair por não ter dinheiro para pagar um seguro?
3.    Ainda com relação à pergunta anterior, você acredita que o fato dessas pessoas não tomarem uma decisão técnica ao comprar seu primeiro carro, se deve, principalmente, a que fator: falta de conhecimento financeiro ou devido à emoção se sobressair à razão?
4.    O que é mais difícil: ter disciplina suficiente para guardar dinheiro todo mês para fazer frente à despesas futuras ou a angústia de ver aumentar suas dívidas toda vez que o carro dá alguma despesa?
Pense bem nessas questões, pois refletir é uma das melhores maneiras de exercitar sua inteligência financeira. Isso porque, a partir de uma opinião mais sólida sobre dinheiro, será mais fácil mudar a maneira como você lida com ele e toma suas decisões financeiras.
Boa sorte em suas finanças e vida pessoal. Até a próxima!

Foto de sxc.hu.

Quanto tempo o tempo tem?

shutterstock_3238803A sensação de aceleração do tempo aumenta ainda mais nessa época de final do ano. Todos querem aproveitar os últimos meses de 2011 para concluir as metas propostas tanto na vida pessoal quanto na profissional até o esperado dia 31 de dezembro. Mas como controlar o seu tempo diante de tantos afazeres?
Em um dia de trabalho, empreendedores são interrompidos a todo o instante por problemas e dúvidas de funcionários e colaboradores, ligações de clientes, e-mails que lotam a caixa de entrada e mensagens nos celulares. Diante de tudo isso, é difícil se concentrar e entregar todos os projetos a tempo.
Para evitar o estresse, é importante separar cerca de 30 minutos para colocar no papel todos os compromissos, com datas e horários de entrega. Isso permite ao empreendedor visualizar em uma planilha os seus deveres no longo prazo. Além disso, é válido acrescentar ao lado de cada tarefa um grau de importância as atividades. Os projetos mais trabalhosos e com chances de maiores resultados merecem destaque e atenção. Para não perder o foco nas atividades, é interessante colocar um tempo máximo para a realização de cada um dos afazeres.
Saber dizer “não” também é fundamental para que de tempo de realizar todos os compromissos. Negar um pedido muitas vezes é necessário para que se obtenha total concentração na realização das atividades previamente agendadas. É essencial manter a calma. Esbravejar e se irritar com a quantidade de tarefas diante do pouco tempo será estressante e, com certeza, atrasará ainda mais a realização das atividades.
Afinal, como já dizia o famoso trava-línguas infantil, o tempo não pode parar, nem que seja por um segundo: “O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que não tinha tempo pra falar pro tempo quanto tempo o tempo tem”.