terça-feira, 12 de abril de 2011

Compra coletiva: um negócio da china?

Posted: 08 Apr 2011 06:13 AM PDT
Compra coletiva: um negócio da china?Para o consumidor, um descontão e parcelamento. Do ponto de vista do investidor, uma boa oportunidade de alavancar as vendas e divulgar a marca. Parece que a expressão “negócio da china” se concretizou através do fenômeno mundial das compras coletivas. Será? Depende.
O princípio por trás da compra coletiva não é nenhuma grande novidade. Uma prática muito comum quando era criança, inclusive na minha família, era juntar familiares ou vizinhos para viabilizar compras em centros atacadistas. Isso garantia uma boa economia em relação às despesas do mês com alimentação, produtos de higiene e limpeza.
A compra coletiva pode ser, de fato, o “negócio da china”. Mas é preciso ter cautela, para não acabar transformando esse jeito de comprar em uma fonte de experiências comerciais negativas, que acabariam reduzindo o fenômeno a mais um modismo passageiro.
Como transformar a compra coletiva numa aliada
Para se tirar o melhor proveito das compras coletivas é preciso aprender a lidar com a cabeça e com as emoções. Como as compras coletivas são muito sedutoras e, além disso, viraram mania nacional, elas são um prato cheio para que o consumidor mais desavisado acabe recebendo em casa, pelo sistema delivery, o “pacote surpresa” que acompanha os cupons de desconto: uma fatura de cartão de crédito impagável!
Para dar um exemplo, vamos supor que você entre num restaurante, sem estar com fome, só para dar uma olhada no cardápio. Aí você constata que esse restaurante está oferecendo naquele dia ótimos preços e pratos maravilhosos e ainda aceita cartão de crédito! Diante dessa oportunidade única, o que você faz? Empanturra-se e ainda leva um marmitex para casa.
O exemplo acima pode parecer esdrúxulo. Mas a maioria das pessoas percorre os sites de compras coletivas sem nenhum outro propósito a não ser o de verificar as ofertas do dia. E acaba efetuando a compra levando em consideração apenas o desconto. Muitas delas se concentram tanto nesse item que não conseguem avaliar se o preço final cabe no bolso, se vão ter tempo hábil para usufruir do produto e se a aquisição daquele produto é realmente relevante para o seu estilo de vida.
Um bom uso da compra coletiva deve ter como conseqüência para você, consumidor, um dinheirinho sobrando no final do mês, ou o acesso a um bem ou serviço que seria impraticável se você tivesse que pagar o preço cheio.
Os cuidados que o investidor deve ter
Segundo um estudo conduzido por Utpal Dholakia, da Rice Univesrsity, denominado How Effective Are Groupon Promotions for Businesses? (Quão Eficazes São as Promoções da Groupon para os Negócios?), 66% dos anunciantes entrevistados obtiveram lucro, 32% não obtiveram lucro algum e 42% não voltariam a participar das promoções da Groupon.
Além disso, especialistas afirmam que a participação nessas promoções, na maioria dos casos, funciona mais como um investimento do que como forma de incrementar os lucros.
Portanto, é preciso saber se a compra coletiva é de fato eficaz para o seu negócio. E a melhor forma de fazer isso é evitar tomar decisões baseadas no comportamento de manada. Isto é, não é porque todo mundo está aderindo que o negócio é 100% seguro e interessante. E isso vale tanto para o anunciante, quanto para quem está pensando em montar o seu próprio site de compras coletivas.
Perceber, avaliar e decidir por algo que realmente nos traga benefícios duradouros não é um mecanismo com o qual já nascemos. Recorro às palavras da Dra. Vera Rita de Mello Ferreira e seu livro “Decisões Econômicas: você já parou para pensar?”:
“Por isso, fica fácil nos enganarmos – basta a coisa parecer simpática a nós, que já tendemos a acreditar que é verdadeira.”
É preciso treino, repetição e disciplina para instalarmos esse mecanismo em nosso funcionamento mental. A boa notícia é que uma vez instalado ele estará sempre ligado e à nossa disposição. E se usado no contexto de compra coletiva, pode transformá-la numa grande aliada!
Foto de sxc.hu.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Vamos falar de dinheiro?

Posted: 10 Apr 2011 08:27 PM PDT
Tão importante quanto aprender a lidar com o dinheiro é saber como falar sobre ele. E foi com esse propósito que o amigo e educador financeiro Conrado Navarro, do excelente blog Dinheirama, escreveu o livro “Vamos falar de dinheiro?“.
Em parceria com a editora Novatec, o Quero Ficar Rico apresenta mais uma excelente leitura sobre educação financeira e ainda promove o sorteio de dois exemplares para nossos leitores.
O intuito deste artigo é falar um pouco sobre o livro, mostrando algumas perguntas que são respondidas ao longo do texto, além de explicar como você pode concorrer aos dois exemplares que serão sorteados!

Resenha do livro

Recomendar a leitura do livro “Vamos falar de dinheiro?” é algo fácil, sobretudo pela simplicidade e clareza utilizadas pelo Conrado no trato dos assuntos financeiros. Falar sobre dinheiro é muito difícil para muitas pessoas, chegando até a ser tabu para algumas, mas a importância do tema sugere uma mudança radical de comportamento.
Escrito numa linguagem bem acessível, mesmo para os mais leigos, “Vamos falar de dinheiro?” se propõe a responder várias perguntas, tais como:
§ É possível realizar sonhos e alcançar a independência financeira ganhando pouco?
§ Como posso me livrar das dívidas e passar a poupar dinheiro?
§ Qualquer um pode ficar rico?
§ Como criar um controle financeiro eficiente para o dia-a-dia?
§ Como a inflação influencia nosso poder de compra e investimentos?
Essas e muitas outras perguntas são respondidas no livro, além de estimulá-lo a mudar seu comportamento em relação ao dinheiro, tanto para saber lidar com ele quanto para saber como falar sobre ele com amigos e familiares.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O seu problema pode trazer uma boa idéia para um novo negócio

Posted: 07 Apr 2011 03:28 PM PDT
Ano passado assisti a uma palestra da semana Global de Empreendedorismo no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) com Carlo Dapuzzo, sócio de uma empresa de Venture Capital que investe em start-ups (uma de suas apostas certeiras de investimento foi o site de compras coletivas Peixe Urbano, por exemplo). Chamou a minha atenção uma das primeiras palavras do palestrante, que disse que a maioria das boas ideias e dos grandes negócios surge como solução para um problema que o empreendedor já viveu. Faz sentido, quando passamos por algum apuro podemos pensar com propriedade formas criativas e inovadoras de resolver a questão.
Acabei de conhecer uma recém inaugurada pequena empresa que nasceu justamente de um problema cotidiano vivido por uma pessoa, e pelas mãos dela se transformou em um negócio promissor. Como o universo das mães e nenês está em pauta aqui no Papo de Empreendedor, resolvi compartilhar esse case com os leitores.
A empresa em questão surgiu a partir de um dilema que a carioca Carla Coelho Coutinho enfrentava no seu dia a dia como mãe: não encontrava para comprar uma bolsa que comportasse todos os seus objetos e os que precisava levar para sua filha (mamadeira, chupeta, fralda, papinha, lenços umedecidos, brinquedos…). De acordo com ela, faltava um produto que, entre outras coisas, tivesse divisórias inteligentes para carregar os objetos de sua nenê, de um material fácil de limpar e leve, e que não tivesse uma estampa feia. Carla, então, durante a gravidez de sua segunda filha, começou a desenhar modelos de bolsas que unissem essas características. Impulsionada pelo entusiasmo de sua atual sócia, Regina Gusmão, transformou os croquis em uma marca própria de acessórios, lançada oficialmente no início desse ano, chamada Picote Bags.
O bacana da história é que Carla garante que se não fosse pela sua necessidade de carregar as coisas da filha e seus objetos, nunca teria pensado e reparado que o mercado não oferecia um produto com essas características, e também não poderia ter criado os modelos. “Comecei a pensar que eu não deveria ser a única mãe a sentir falta de um produto assim”, conta. Inaugurada oficialmente no início desse ano, a Picote Bags já tem seus produtos disponíveis para venda em lojas espalhadas por cinco municípios de São Paulo e pelo site da marca. A estratégia adotada pelas empresárias é investir na presença de feiras de varejo para divulgar os produtos e conseguir novos pontos de venda.
Assim como Carla e Regina, muitas pessoas tem boas ideias a partir de vivências próprias para resolver necessidades do dia a dia. A diferença é que  essas idéias não necessariamente são colocadas em prática. Vamos lá, empreendedores, assim como essas duas mães, que idéias já resolveram suas vidas e se transformaram em negócios lucrativos?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Governo Dilma e seus desafios econômicos / Estado Participativo: Equívocos e Acertos

Posted: 04 Apr 2011 07:45 AM PDT
O Governo Dilma e seus desafios econômicosNa última sexta-feira foi divulgada nova pesquisa CNI-IBOPE, que apontou o apoio de 56% dos brasileiros ao governo da Presidenta Dilma Rousseff. A avaliação pessoal da Presidenta alcançou o índice de 73%. Os dados animaram o governo. Que tal aproveitar o bom momento? Ora, o apoio por parte da população no inicio do governo é fundamental para que medidas extremamente necessárias, mas um tanto impopulares, sejam colocadas em marcha.
Essa mesma pesquisa mostrou um dado muito interessante: para 40% da população, o combate à inflação deve ser a grande prioridade do governo. E é no “acordar do Dragão” que se encontra a grande preocupação do mercado e da maioria dos economistas. A maior das dúvidas diz respeito ao desempenho da nova direção do Banco Central no combate à inflação. Suas decisões estão sendo as melhores possíveis?
Todos sabemos que o Ministro da economia Guido Mantega defende que o Banco Central adote uma postura desenvolvimentista, com juros acomodados e com a tese de que inflação um pouco acima do centro da meta não representa um grande perigo – a inflação mais alta seria um “mal” que valeria a pena suportar para que o país não pare de crescer.
A verdade é que todos já sentimos no bolso os efeitos nefastos da inflação. Uma visita ao supermercado deixa clara a explosão de consumo onde a velha lei da oferta e demanda se fez valer mais uma vez. O que se vê são também reflexos de nosso comprometimento enquanto país, ou a falta dele, em quesitos estruturais de forma a elevar a oferta, uma questão de investimento real no país.
Para quem deseja aprofundar o conhecimento em torno do tema inflação, sugiro a leitura do artigo “Inflação: o monstro abriu um dos olhos”, publicado no excelente site Sobre Administração e escrito por Henrique Bello, que mostra didaticamente a diferença de postura entre os que pregam o desenvolvimentismo e os mais ortodoxos, chamados de monetaristas (caso do atual ministro da casa Civil, Antonio Palocci).
A saída de Roger Agnelli da presidência da Vale
Nesses 90 dias de governo, outro ponto causou bastante repercussão no campo econômico e empresarial: a queda do Presidente da Vale, Roger Agnelli, após a companhia apresentar ótimos resultados em 2010 e impressionantes 903% de aumento nos lucros durante os seus dez anos de gestão.
Está claro que sua saída é mais uma questão política que administrativa, afinal nunca se discutiu a competência técnica do executivo. A coluna do jornalista Guilherme de Barros, no portal IG, informou que para a demissão de Agnelli pesou o desligamento de Demian Fiocca da diretoria da Vale. Demian é um dos amigos mais próximos do Ministro Mantega.
O que dizer? Ora, que isso é péssimo para imagem do Brasil e mostra que nossa postura perante a realidade econômica de um país que joga de acordo com as regras de bom desempenho e meritocracia é deixada em segundo plano. Primeiro parecem estar os interesses dos amigos e aliados. Política do interesse próprio. Uma pena.
Termino o texto de hoje lembrando que o país avançou muito nos últimos vinte anos. O criador do termo Brics, Jim O’Neill, classifica o Brasil como surpreendente, já que atingiu o posto de 7ª economia do mundo dez anos antes do esperado. Resta saber se esse crescimento que nos trouxe até aqui continuará, ou se voltaremos ao período onde os interesses pessoais e políticos estavam à frente de tudo.
Boa semana a todos.
Foto de sxc.hu.



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Este artigo foi escrito por Ricardo Pereira.
Educador financeiro, palestrante, autor do livro "Dinheirama" (Blogbooks), trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama. No Twitter: http://twitter.com/RicardoPereira
Este artigo apareceu originalmente no site Dinheirama.
A reprodução deste texto só pode ser realizada mediante expressa autorização de seu autor. Para falar conosco, use nosso formulário de contato. Siga-nos no Twitter: @Dinheirama


Posted: 03 Apr 2011 08:08 PM PDT
Estado Participativo: Equívocos e AcertosMesmo que eu tente evitar recorrer aos termos e expressões batidos do senso comum, nada resume mais a situação que a afirmação: “nada é perfeito”. Antes de nos acomodarmos com essa realidade, e mesmo que seja nossa obrigação cobrar para que eventuais imperfeições do estado sejam objeto de correções e ajustes, uma análise distante de generalizações ou mesmo da crítica e do elogio vazio pode trazer a elucidação de fatos do viés político e econômico, que na modesta opinião deste que vos escreve são de grande relevância.
Inicio minha abordagem com a recordação das críticas proferias pelo investidor George Soros, dirigidas ao modelo econômico no qual o estado se omite totalmente dos controles regulatórios da economia, atuando com timidez na sua indução e limitando-se a prover (muitas vezes nem isso) o velho - e não tratado - trinômio educação, saúde e segurança.
Para este grande financista, que iniciou sua formação ainda criança vivenciando os horrores (e a tenebrosa aventura da sobrevivência, como ele próprio afirma em sua autobiografia) da perseguição nazista na Hungria da Segunda Grande Guerra e que, após a queda da “cortina de ferro”, apoiou e investiu para que no leste europeu pós comunismo se instaurasse uma economia de mercado pautado na livre iniciativa, um estado ausente e omisso representa invariavelmente uma bomba relógio difícil de ser desarmada.
Como sabemos, a conta salgada dos aportes governamentais norte-americanos para evitar uma tragédia ainda maior comprova que ele sempre esteve certo. No outro extremo, quando o estado exagera no seu protagonismo e ultrapassa os seus limites de ente servidor, acaba por operacionalizar uma usina de ineficiência econômica, geralmente acompanhada de uma boa pitada de ingerência na sociedade[bb], a quem em última análise deve prestar contas e satisfações, antes de importunar. O estatismo que observamos no início da década de 70 e que começou a diluir vinte anos depois é um bom exemplo.
No caso do Brasil contemporâneo (esse do dia a dia), particularmente não observo nenhum dos extremos. Apenas (felizmente) noto o empenho de uma estrutura governamental que, independentemente de sua corrente política, vem tentando, desde os anos 90, “acertar o caldo”. Deixando claro que isso não inocenta e nem atenua a responsabilidade por equívocos e erros cometidos por uma estrutura remunerada (e cara) para acertar.
Entretanto, alguns fatos muito recentes demandam destaque.
Com atenção, assistimos a possível movimentação governamental para substituir o presidente funcionalmente bem sucedido de uma importante companhia de capital aberto. O caso Vale. Isso é saudável? Penso que não.
Por outro lado, observamos a articulação do governo incentivando grandes grupos genuinamente nacionais a aportar recursos, a partir de uma visão de longo prazo, em nossa indústria de defesa, objetivando dinamizá-la de forma sólida.
Peço desculpas se vou na contramão do pensamento politicamente correto vigente, mas nessa hora saio em defesa da iniciativa governamental. O crescente protagonismo internacional apregoado ao Brasil por conta de sua crescente força econômica, aliada aos elementos geopolíticos de nossa condição, está muito mais para destino natural do que para uma opção controlável.
E, nesse contexto, uma indústria de defesa própria, tocada por uma abordagem empresarial de viés estratégico e de longo prazo se constitui num eixo fundamental para, ao menos, (já que a guerra não nos interessa, uma vez que somos não só “bonzinhos por natureza”, mas abençoados por ela com recursos naturais abundantes) contarmos com o poder dissuasivo necessário.
Lembrando que em termos de geopolítica e estratégia nacional, o horizonte ultrapassa três décadas. E, nesse caso, o agora impensável não passa de uma ilação. Observem, por favor, os nossos “amiguinhos” de grupo (BRIC’s – Russia, India, China).
Destaco também que o incentivo e a indução econômica por parte de governos ao setor é padrão nas economias mais liberais, justamente por conta das complexidades envolvidas e dos prazos de maturação.
Os benefícios não param por aí. O componente tecnológico agregado da indústria de defesa traz no seu rastro desenvolvimento e pesquisa com inúmeras aplicações civis e industriais. Em resumo: pesquisa, ciência, cientistas, tecnologia de ponta, educação avançada e muito mais.
Para concluir, recorro à Gastronomia[bb]. O bom cozinheiro está sempre tentando acertar o caldo, o tempero, mas não pode jamais deixar de observar os comensais. Eles pagaram pela refeição e merecem respeito.
Até o próximo.
Foto de sxc.hu.



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Este artigo foi escrito por Plataforma Brasil.