sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Crédito Consignado: uma boa ideia que se tornou um grande problema


Crédito Consignado: uma boa ideia que se tornou um grande problemaAfirmar que o brasileiro ainda tem dificuldades em lidar com o crédito é “chover no molhado”. Muitos acreditam que o crédito faz parte da renda e trabalham com os valores do dinheiro emprestado somados à sua receita líquida real para fechar o orçamento. Ao utilizar o crédito dessa forma, mais cedo ou mais tarde uma bola de neve se formará – muitos só percebem o perigo quando ela fica gigantesca e incontrolável.
Um dos tipos de crédito que mais cresce é o chamado Crédito Consignado, uma linha de crédito criada durante o governo Lula. Ofertas acessíveis e mais baratas de crédito eram concedidas a partir da garantia do débito diretamente na folha de pagamento das empresas. A certeza de pagamento era maior (risco de inadimplência muito mais baixo) e os juros mais civilizados.
Uma ótima ideia na teoria, mas um “terror” na prática
Claro que a ideia é muito bem vinda, em um país como o Brasil, onde os juros são tão altos, ter a disponibilidade de linhas mais baratas significou um grande avanço. O grande problema começou a surgir quando a facilidade dessa linha crédito se chocou com a necessidade das pessoas em tomar o empréstimo.
As pessoas começaram a utilizar o empréstimo consignado para consumir bens e produtos dos mais variados tipos. Começou a ser comum o empréstimo ser utilizado para troca de celular, compra de TV nova, viagens e todo tipo de consumo. Um dinheiro mais barato que, apesar da burocracia, permitia comprar mais e mais coisas.
Outro ponto está relacionado ao quanto cada pessoa pode usar dessa modalidade de crédito. O empréstimo consignado oferece bons valores de crédito, além do que vários empréstimos eram concedidos à mesma pessoa. A prática se transformou em problemas para muitas famílias: quase como uma corda para o enforcamento.
Como anda a educação financeira nas empresas?
Em pouco tempo, as empresas começaram a perceber que o empréstimo consignado estava se tornando um verdadeiro problema, já que gerenciar a lista de empréstimos e a velocidade com que mais e mais funcionários o solicitavam é atribuição também dos departamentos de Recursos Humanos.
Com o endividamento, a produtividade caiu e mais problemas começaram a surgir. Um funcionário com problemas financeiros tem seu desempenho totalmente comprometido. A situação pode ser comprovada em qualquer grande empresa que queira falar abertamente sobre o crédito consignado.
Muitas empresas decidiram criar programas de educação financeira para orientar os funcionários, valendo tanto para aqueles que se interessavam em pedir e usar linhas de crédito, quanto para o grupo daqueles que já estavam terrivelmente comprometidos com diversos empréstimos.
A edição de setembro da Revista Você S/A mostra o exemplo do Hospital Santa Paula, em São Paulo. Segundo a revista, após a implementação do programa de educação financeira, a utilização do crédito consignado pelos funcionários caiu pela metade. Trata-se de um exemplo a ser seguido.
Ganhos x gastos: o que realmente faz a diferença?
O fenômeno registrado pelo Hospital Santa Paula e descrito na revista mostrou que, mesmo com bons salários, a falta de planejamento para a realização dos sonhos de consumo resultava em péssimas escolhas, que logo se traduziam em dívidas. O funcionário via no crédito consignado a chance de “cobrir” os problemas e seguir em frente.
Infelizmente, apenas algumas empresas adotam o programa de educação financeira como beneficio para seus funcionários. A grande maioria, mesmo sabendo do “tamanho da encrenca” em que seus funcionários se meteram, ainda não despertou para essa necessidade. Atenção empresários, é hora de acordar!
Outros que sofrem com a má utilização de crédito e a baixa renda são os aposentados, que também se utilizam do crédito consignado para manter as contas em dia ou mesmo para o consumo. De acordo com a Previdência Social, no primeiro semestre de 2011 cerca de 6 milhões de aposentados e pensionistas solicitaram acesso à linha de crédito, um número 8,7% maior do que o mesmo período em 2010.
Crédito, uma ferramenta para ser usada com inteligência
A lição que fica é nossa população ainda é extremamente carente de informações sobre a utilização das ferramentas financeiras disponíveis. Faltam conhecimentos mínimos, sem os quais boas ideias se transformam em verdadeiras armas. O crédito, mesmo o consignado, ainda é muito caro se compararmos com a boa parte do mundo. Logo, manter a realização de nossos sonhos apenas com dinheiro dos outros pode tornar o sonho um pesadelo.
Lidar mais tarde com a frustração da dívida e os problemas para voltar as ter as finanças em dia é uma experiência muito pesada, que exigirá muita disciplina e controle emocional. Sempre há saída, mas em se tratando de crédito, o melhor é não abusar e evitar o caminho mais fácil e rápido.
Imagine uma criança com um martelo na mão. Para quem sabe o que fazer, utilizar uma ferramenta assim pode ser extremamente importante. A criança terá problemas e poderá se ferir gravemente. Esse é o resultado que o crédito acaba levando para dentro de muitos lares brasileiros.
O crédito consignado pode ser uma alternativa inteligente para quem tem dívidas com juros maiores ou para quem precisa de um valor a ser usado em uma emergência. Caso contrário, o melhor continua sendo planejar suas finanças e guardar dinheiro, sempre respeitando os seus limites de renda.
O que você pode fazer para mudar esse quadro?
Se você é empresário, pense com carinho na possibilidade de criar um programa sério de educação financeira. Se você é funcionário, passou por esse problema e quer evitar que outras pessoas também sofram essas situações, converse com um contador.

Conte com a CredConf Contabilidade.



Proteja seus investimentos da inflação

Proteja seus investimentos da inflaçãoApesar de alguns investidores equivocadamente não levarem em consideração o impacto da inflação em seus investimentos, este não pode ser desprezado de forma alguma. Afinal um investimento só é realmente rentável se alcançar um ganho real (acima da inflação).
Expliquei no artigo “Saiba como calcular o impacto da inflação nos investimentos” como fazer essas contas e descobrir a taxa de juros real do seu investimento. Para mostrar o importante é o ganho real (e não o nominal), faço a seguinte pergunta: nos últimos 12 meses (agosto/2010 a julho/2011), você preferiria ter investido a uma taxa de 10% a.a. no Brasil ou 7% a.a. nos EUA?
Para responder a essa pergunta, precisamos saber quanto foi a inflação no Brasil e nos EUA nesse período. A inflação americana nos últimos 12 meses foi 3,60% (julho/2011) e a inflação brasileira nos últimos 12 meses foi 6,87% (julho/2011). Com esses dados, fica fácil: enquanto na aplicação nacional você teria um ganho real de 2,93%, ao investir na aplicação americana teria ganho 3,28%. Apesar da taxa nominal americana ser inferior à taxa brasileira (7% a.a. contra 10% a.a.), a taxa de juros real (que é a mais importante) seria maior.
Entendido como se calcula o impacto da inflação nos investimentos, a próxima missão e proteger seus investimentos da inflação. O objetivo deste artigo é mostrar algumas alternativas de investimento que garantem um ganho real para o investidor.

Quais aplicações oferecem um ganho real para o investidor?

No artigo “Inflação: ‘imposto’ mais caro que pagamos“, expliquei detalhadamente o que é inflação, quais os principais índices inflacionários e qual o problema da indexação. Além disso, citei três modalidade de investimentos indexadas à inflação: títulos públicos (indexados ao IPCA), ações (com foco em dividendos) e imóveis (aluguel é indexado ao IGP-M).
O intuito agora é detalhar como cada uma das modalidades acima se beneficia da inflação e oferece rentabilidade real para o investidor.

Títulos públicos

Dentre os títulos públicos oferecidos pelo Tesouro Direto, existem dois que são indexados ao IPCA: NTN-B e NTN-B Principal. Como o IPCA é um índice inflacionário, investir nestes títulos garante que sua rentabilidade estará protegida da inflação.
Em 21/09/2011, a taxa de compra da NTN-B 150515 era 5,21%. Isso significa que esse título oferece a rentabilidade de IPCA + 5,21% a.a. Se o IPCA permanecesse em 6,78%, a taxa nominal deste título seria 12,34% ao ano.
Para saber mais sobre esses títulos, recomendo a leitura do artigo abaixo:

Ações de empresas que pagam bons dividendos

Existem muitas empresas em que os preços dos seus serviços são corrigidos anualmente. Alguns exemplos são empresas de energia elétrica, saneamento básico ou planos de saúde. Com essa correção e como essas companhias não necessitam de grandes investimentos, o lucro delas também é corrigido pela inflação.
Além dessa proteção contra a inflação, o recebimento de dividendos é isento do imposto de renda, o que garante uma rentabilidade líquida ainda maior.
Para saber mais sobre investimento em ações com foco em dividendos, recomendo a leitura do artigo:

Imóveis

Qualquer proprietário de um imóvel ou inquilino sabe que o valor do aluguel é corrigido anualmente pelo IGP-M (outro índice inflacionário). Assim sendo, investir em imóveis garante que seu rendimento (aluguel) estará protegido da inflação.
O problema é que investir em imóveis não é para qualquer um. Afinal, além do imóvel para morar, ainda seria necessário ter dinheiro para comprar outros imóveis e alugá-los. E com os preços atuais está cada vez mais difícil investir nesse mercado.
Entretanto existe uma excelente alternativa: investir em fundos imobiliários. Existe uma infinidade de vantagens em investir nesses fundos. Há também diferentes tipos de fundos imobiliários.
Para entender o que são fundos imobiliários e conhecer os tipos de fundos existentes, recomendo a leitura dos artigos:

Conclusão

Com algumas estimativas apontando para uma inflacão acima de 7% para o ano de 2011, é essencial proteger seus investimentos da inflação. Se essa expectativa se confirmar, quem deixar o dinheiro aplicado na poupança terá uma rentabilidade real negativa! Afinal a caderneta de poupança rende menos de 7% ao ano.
É importante deixar claro que as modalidades apresentadas neste artigo são apenas alguns exemplos. Não são recomendações de compra, mas apenas de avaliação. Além disso, existem outras aplicações que também são corrigidas pela inflação. A Exame.com também publicou uma excelente matéria sobre esse tema, que vale a pena ser lida: “Como lucrar com a alta da inflação“.
Se você ainda tiver dúvidas ou quiser colaborar para enriquecer ainda mais este conteúdo e promover a discussão, basta deixar um comentário.

A importância do registro em CTPS

Estamos hoje inaugurando mais uma área de postagens - Área Trabalhista - em nosso blog .
Nosso direcionamento será voltado aos principais temas como o direito do trabalhador, com linguagem simples e acessível, de modo que trabalhadores e empresários compreendam seus direitos e obrigações nas relações de emprego.
Conhecer direitos e obrigações é indispensável para o desenvolvimento sócio -cultural da nação.
Esse espaço é seu, pois aqui nosso objetivo sempre é um melhor atendimento e colaboração a todos os nossos clientes, amigos e visitantes.
Conte sempre conosco!
Abraços a todos.
Lucia Helena - Gerente Comercial


Ouve-se com certa frequência a afirmação de que "o trabalhador sempre ganha na Justiça do Trabalho". Esta assertiva é falsa, o que pode ser verificado por uma simples pesquisa nas decisões dos Tribunais do Trabalho. No entanto, é fato que há um alto índice de procedência parcial dos pedidos realizados pelos trabalhadores perante o Poder Judiciário. Uma das diversas razões deste alto índice está no fato de que muitas empresas tratam a relação de emprego com demasiada informalidade. Como alguns exemplos desta atitude informal podem ser citados: realizam-se pagamentos sem colher recibos; os recibos não apontam os valores corretos ou as verbas quitadas devida e claramente especificadas; os cartões de ponto, quando existem, não refletem a real jornada de trabalho. Outro exemplo, diretamente relacionado com o tema desta postagem, é a ausência de registro do contrato de trabalho na CTPS do trabalhador.
A CTPS constitui a identificação profissional do trabalhador. As anotações realizadas na carteira de trabalho constituem um direito do empregado e uma obrigação do empregador. Antes disto, porém, tais anotações constituem a garantia das duas partes do contrato de trabalho quanto à eficácia dos seus direitos e obrigações. Note-se que tanto o trabalhador como o empregador tem direitos e também obrigações. Há uma presunção de que as anotações realizadas em CTPS correspondem a fatos verídicos. Entretanto, a presunção pode ser desconstituída por prova em contrário. E, incumbe a quem alega, provar que as anotações não são verdadeiras.


O trabalhador deve entregar sua CTPS ao empregador contra recibo, incumbindo ao empregador realizar as anotações legalmente exigidas no prazo de 48 horas. Estas informações são a data de admissão, a remuneração e as condições especiais do contrato de trabalho. É proibido realizar qualquer anotação desabonadora à conduta do trabalhador. Observa-se, no entanto, que muitos trabalham sem o registro em CTPS. Em outros muitos casos, a data do registro não corresponde à data do início do contrato de trabalho. Nesta última hipótese, é comum alegar-se que o trabalhador encontra-se em "período de experiência". Note-se, porém, que mesmo o contrato de experiência deve estar anotado na CTPS, sendo um equívoco qualquer trabalho subordinado sem registro na carteira profissional.


É importante esclarecer que o contrato de trabalho pode ser reconhecido mesmo que o empregador deixe de promover o correspondente registro. Para o reconhecimento do contrato de trabalho basta que se verifiquem a presença dos pressupostos legais previstos pelos artigos segundo e terceiro da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, especialmente prestação de serviços não eventuais e subordinados, mediante remuneração.


Concluindo, a importância do registro do contrato de trabalho em CTPS está em retratar a realidade existente em cada relação de emprego, facilitando a prova desta realidade perante terceiros, para o regular exercício de direitos e de obrigações tanto de trabalhadores como de empregadores.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma pequena fábula sobre como empreendedores percebem oportunidades

ShutterstockA história do americano Jim Poss pode ser um exemplo de como nascem as boas ideias. Residente de Boston, ele chamou a atenção de estudiosos de uma universidade situada na sua cidade, nada mais nada menos que a prestigiosa Harvard University. Poss é o fundador da BigBelly Solar, uma empresa que faturou US$ 4 milhões produzindo compactadores de lixo movidos a energia solar. A tecnologia bombou - ele já vendeu seu produto a empresas e cidades de 30 estados americanos e 17 países. Agora Poss está colhendo os frutos de sua inovação e figura entre os empreendedores sociais mais proeminentes dos Estados Unidos. Mais que seu sucesso, porém, o que ele gosta de celebrar é a trajetória percorrida entre a concepção da ideia e a transformação em um produto.

Em um dia de 2003, Poss andava pelas ruas de Boston quando notou um caminhão de lixo bloqueando o tráfego. Espalhando detritos pelo chão e soltando fumaça como um fumante de charuto, o veículo não era um exemplo de eficiência e sustentabilidade ambiental. Intrigado com o que vira, Poss estudou melhor o problema. Descobriu que os caminhões de lixo consumiam mais de 3,5 bilhões de litros de diesel por ano nos EUA. Pior ainda, só rodavam cinco quilômetros com um galão de combustível, o equivalente a 3,7 litros. Na época, havia um debate entre os municípios sobre a viabilidade de adquirir veículos mais eficientes e traçar rotas de coleta mais inteligentes.
Não era a melhor opção, na visão de Poss. Mais viável e barato que organizar um processo de coleta mais eficiente, por que não reduzir a frequência das viagens? Se as lixeiras comportassem mais lixo, não precisariam ser esvaziadas tão constantemente. Se o lixo não precisasse ser coletado tão frequentemente, os custos e a poluição seriam reduzidos. E, se as lixeiras não transbordassem, não haveria muitos detritos nas ruas.
Ele levou a discussão para um grupo de amigos interessados em causas sociais. O debate engrossou e choveram sugestões. As ideias, somadas à experiência prévia de Poss com tecnologias solares, resultaram na criação da lixeira com compactador, capaz de armazenar cinco vezes mais lixo que as convencionais. Com a invenção, a frequência das coletas caiu, e os custos e as emissões diminuíram cerca de 80%.
Jim Poss usou três práticas comuns a empreendedores de sucesso, afirmam os estudiosos H. James Wilson, Danna Greenberg, and Kate McKone-Sweet. Eles estudaram 1.500 empresas, atrás de padrões para identificar o nascimento de boas ideias. Confira abaixo as descobertas.
Contar com conhecimento próprio e social. Empreendedores criam oportunidades dentro do contexto de quem são, do que sabem e de quem conhecem. Poss começou com um problema percebido por ele em sua vida cotidiana. Ele aplicou seus conhecimentos prévios e conectou as ideias com seus pares. É uma trajetória de inovação consagrada.
Usar cognição ambidestra. O que os pesquisadores querem dizer é que Poss foi capaz de oscilar entre a previsão e a criação no que diz respeito a seus pensamentos e ações. A previsão é baseada na análise usando informações disponíveis, que funciona melhor em condições com baixos níveis de incerteza. Já a criação se refere ao esforço para gerar informações que não existem ou não estão acessíveis. Poss usou a previsão quando analisou as informações financeiras e operacionais sobre o consumo de combustível pelos caminhões. Quando as informações não estavam disponíveis, ele as criou por meio de conversas e protótipos.
Em um esforço consciente, uma dessas maneiras de pensar pode ser usada para informar e ampliar a outra, com abordagens complementares. Ao intercalar previsão e criação, os empreendedores são capazes de criar mais valor do que usando apenas uma das formas de pensar.
Considerar simultaneamente valores sociais, ambientais e econômicos. Essa visão holística é capaz de analisar todo o escopo de impactos que os empreendedores precisam levar em consideração. Poss foi capaz de considerar, simultaneamente, os benefícios para os clientes (redução de custos para os municípios) e o impacto ambiental (menos emissões de poluentes) sem desprezar a busca pelo lucro ou privilegiar um aspecto mais que o outro.