sexta-feira, 22 de março de 2013

Custo anual de doméstico que ganha R$ 1.000 por mês deve subir R$ 2.844


O custo do funcionário doméstico que ganha R$ 1.000 por mês e faz cinco
horas extras por semana deve subir, para o empregador, R$ 2.844 por
ano -de cerca de R$ 17,6 mil para 20,5 mil- com a entrada em vigor da proposta
que amplia os direitos dessa categoria de trabalhadores.
Os cálculos foram feitos para a Folha pelo advogado Daniel Chen, do escritório
Siqueira Castro. O valor de R$ 1.000, de acordo com o sindicato dos trabalhadores
domésticos, é o salário médio na cidade de São Paulo.

Sem contar nenhuma hora extra -apenas o valor do FGTS, que passa a ser
obrigatório-, o custo anual desse funcionário sobe R$ 1.064 (veja detalhes no quadro).
Foram feitas também simulações com outros cenários, incluindo funcionários
que ganham salário mínimo (R$ 755 no Estado) ou um salário e meio (R$ 1.132,50).
Por se tratar de contribuição proporcional ao salário -8% sobre o pagamento
bruto-, o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) tem mais peso em
 valor absoluto quanto maior é a remuneração paga pelo empregador.
Horas extras também entram no cálculo do fundo. Para quem paga um salário mínimo e
meio por mês a um empregado doméstico, o custo anual, sem horas extras, aumenta em
R$ 1.208. Já com cinco horas extras semanais, fica R$ 3.221 maior.







TRAMITAÇÃO
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre os domésticos foi aprovada em 
 primeiro turno no Senado anteontem e será avaliada em segundo turno na semana 
 que vem. Se passar, seguirá para promulgação para entrar em vigor, pois não 
 precisa de sanção presidencial.
Para o Sindoméstica (sindicato da categoria em São Paulo), a aprovação da PEC na 
 segunda votação é dada como certa. A confiança ocorre em razão da primeira votação 
ter sido unânime em defesa da proposta.
O custo do empregado doméstico vai aumentar, basicamente, porque será obrigatório o recolhimento do FGTS, bem como o pagamento da multa de 40% sobre o saldo do fundo na demissão sem justa causa.
Além disso, a jornada de trabalho deverá ter no máximo 44 horas semanais e a doméstica 
terá direito ao pagamento de hora extra, inclusive com adicional noturno.
Outras regras preveem auxílio-creche e pré-escolar para filhos dos domésticos e 
 dependentes de até cinco anos de idade, assim como seguro contra acidentes de trabalho, entre outros. Essas regras, no entanto, vão precisar de regulamentação específica 
para entrar em vigor.


MINORIA
A lei, porém, deve atingir a minoria dos profissionais. Segundo dados da Fenatrad 
 (Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas), 27% dos trabalhadores domésticos 
têm carteira assinada -cerca de 2 milhões dos mais de 7 milhões do país.
Estudo do Dieese mostra que, em São Paulo, 38,7% têm carteira assinada, 28,2% não são registrados e 33,1% são diaristas. Do total, 45,5% contribuem para a Previdência.
Ricardo Guimarães, advogado especializado em direito trabalhista e professor da PUC-SP, 
diz que o principal argumento de quem é contrário à nova lei é que o aumento de custos 
pode resultar em uma queda da formalização. "A variação, porém, não tão grande a ponto 
de prejudicar as contratações."

Fonte: Folha de S.Paulo

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